quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Liberdade, Igualdade e Fraternidade Ou Vocês não terão meu ódio.

     
      Preceitos iluministas que ganharam forca na cidade luz e trouxeram mudanças para o mundo. Nem tão livre, tampouco poderíamos dizer que alcançamos a igualdade, e precisamos de muito mais fraternidade. Mas que esses símbolos nos façam continuar caminhando.

     Preconceito e intolerância são coisas diferentes. Andam juntas, mas é preciso cuidar para não tomar como sinônimos.  Preconceito, como a própria etimologia sugere é algo que temos antes de termos o conceito.  Falta, sobretudo de informações (ou conhecimento), mas também de contato com o outro. (Lado, pessoa, lugar...) É natural e todos nós temos,  embora com esforço podemos vencê-lo. Já a intolerância, não pressupõe falta de informação (muitas vezes ela está inclusive em excesso) mas apenas de um lado, um ponto de vista. Ela é extremista e radical, não se permite o questionamento, a dúvida é crítica.  

    Precisamos cuidar para não combater o preconceito com a intolerância (isso é querer apagar fogo com álcool), mas o cuidado vale também  para que teu preconceito não se torne intolerante).


    A intolerância, termo que frequentemente é associado a religião, pode ocorrer em qualquer área.  Ciência, movimentos sociais, política ideológica, futebol... a falta do questionamento, de relatividade, de alteridade,  tendem a deixar as questões mais extremistas e radicais. Com o preconceituoso, podemos conversar,  mostrar informações,  ter contato com o outro e através da tolerância, transformar o sentimento.  Já com o intolerante, o próprio diálogo é um a difícil. 


    Atualmente, na Internet vemos muito de preconceito e de intolerância.  Semana que passou houve confronto entre tragédias.Comover-se por Minas Gerais ou por Paris? Vivemos em uma guerra fria onde temos que optar o tempo todo por que lado estar,  ao invés de buscarmos estar ao lado um do outro.

Somos todos da mesma raça humana. Vivendo em paris, Porto Alegre ou minas gerais. Sendo homem e/ou mulher. Direita ou esquerda. Heterossexual ou homossexual. Aliás, todos os rótulos que acabo de utilizar não fazem mais sentido na pós modernidade.  Se tu ainda os segue,  deves ser anacrônico.  Te atualiza. As coisas são mais fluídas, plurais. 
Eu choro por paris, eu choro por minas.  Eu choro por todos.

Choro por todos que perderam algo nesses trágicos acontecimentos. *seja parentes, amigos, casas, felicidade, paz, segurança, oportunidade...ou esperança*

Choro pelos muçulmanos que sofrerão mais preconceito por culpa de radicais fanáticos que interpretam da sua forma o islamismo e atuam como jihadistas na tentativa da instauração de um estado islâmico.

Choro por refugiados que terão ainda mais dificuldades tanto nos seus países, quanto nas travessias ou aceitação em outras nações.

Choro pela resposta da França que ao declarar guerra ao estado islâmico (que não é uma nação, então) o ataque é um ataque cego.  Ao ar,  com muitas mortes inocentes.
Choro por mineiros, choro por franceses, choro pelos seres humanos. 

Só tem algo que me faz chorar mais que tudo. Até agora o melhor disso tudo. O que mais me comoveu mais me deu esperança e mais me fez acreditar.  Não sei explicar por que. (Vídeo acima)

Sobre a tragédia de Minas Gerais, importante que não tratemos somente como "natural". Lindo o depoimento do brilhante Sebastião Salgado! Também deixo falar por mim, um lindo poema sobre o assunto. 

Por fim, depoimento de um jornalista que perdeu a esposa, mas parece ter ganho o discernimento e a melhor análise que li. 

"Vocês não terão o meu ódio. Vocês roubaram a vida de um ser sem igual, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas não terão o meu ódio. Vocês queriam que eu tivesse medo, que eu olhasse as pessoas ao lado com suspeita, que eu sacrificasse a minha liberdade em troca da segurança. Mas não conseguiram. Nós somos dois, meu filho e eu. Mas somos mais fortes do que todas as forças armadas do mundo"


domingo, 4 de outubro de 2015

TransFormAção



Embora pense bastante e fale muito de mudanças, reconheço que instigar os outros a mudar ou fazer parte de uma mudança é mais fácil do que mudar. Claro que para os itens anteriores serem alcançados há todo um esforço de transformação pessoal, porém quando a mudança é algo mais pontual, pessoal e profundo....

Mudança é o tipo de coisa que é mais fácil na teoria. Tão lindo falarmos de mudança do mundo, transformação social... A mudança é um exercício diário, na minha concepção. É preciso mudar todos os dias para se manter fiel a ideia de mudança. É a tal da micro revolução cotidiana, iniciada na mente de cada um, mas que se comunica sobretudo através das atitudes.

Mas a mudança pode ser difícil, dolorosa, exigir muito. Quem está de fato pronto para isso? Mudar pode significar sair da zona de conforto, pode representar perdas, mas nunca uma derrota! Mudar nunca é voltar a trás, é sempre um passo a frente.

As pessoas de forma geral estão muito mais preparadas para falar de mudança do que para agirem na mudança. No discurso aderem, acham lindo, dão exemplos, até pintam a cara. Mas na hora de realmente sentir as consequências que são necessárias ao longo do processo... silenciam, choram, chamam o pai, o diretor ou a polícia.

É muito mais simples e fácil não mudar. Então para que mudar? Para que mexer com medos, angustias, fraquezas, sobretudo se eu estou em uma situação confortável? Adaptando o Sócrates, uma vida que não é mudada não merece ser vivida.  Mudar é viver. Só não muda quem já morreu. E tem muito mais gente morta por aí do que nós imaginamos.

Esses últimos dias um depoimento de uma menina, agora senhora, sobre a situação das praias cariocas da zona sul chamou atenção. Embora esses discursos permaneçam iguais na boca de muitos, passaram-se algumas décadas e a senhora mudou. Transformou sua forma de pensar e através das redes sociais falou sobre isso.

Pena que a situação deste problema social tenha mudado tão pouco.
- Garotos pobres indo de ônibus da zona norte para as praias da zona sul, sem terem ao menos dinheiro no bolso? Só pode ser para arrastão!  Solução? Viu a importância da maioridade penal? Tem que prender porque se não daqui a pouco o cidadão de bem não vai mais ter direito de ir a praia. Eles qu tomem banho no bairro deles, não aqui! Já não tivemos que empurra-los todos para zona periférica para a modernização do RJ após a abolição? Cada um no seu quadrado! Se pelo menos o cidadão de bem tivesse o poder de portar uma arma. Aí iriamos armados e protegidos para a praia! Nessa falta, fazemos a justiça! Linchamos. Espanca até a morte para acabar com esses criminosos qu vão roubar celular na praia.(ATENÇÃO – isso acima é uma ironia.)

Mudar de gênero então? Sua sexualidade? (lembrando que gênero  sexualidade são coisas bem diferentes). Coragem, responsabilidade, felicidade, liberdade.... tantas coisas acompanham. Mas nesses casos a gente muda? Claro. A mudança está sobretudo na escolha de encarar os outros. (para os que não gostam de mudar ou acham que a mudança está mais na fala que na atitude, leia 3 vezes pra entender).

Não poderia deixar de mencionar a assembleia da ONU e os 17 objetivos globais. Em busca por mais mudanças. Transformar cada vez mais em realidade para todos os direitos humanos. Lembrando que não adianta somente rezar sem mexer os pés. Se toda a mudança nasce de uma ideia, ela somente se concretiza nas ações, atitudes.

Por fim, nessa semana que precisei de muita coragem para iniciar mudanças que criam bastante desconforto, força e fé para que esse processo seja mais alegre  prazeroso para poder ir colhendo os frutos pelo caminho.

Abaixo os links:
Mulher que mudou de ideia sobre questões das praias do RJ (embora as questões não tenham mudado tanto ainda)
http://www.buzzfeed.com/clarissapassos/video-dos-anos-90-preconceito-e-racismo-nas-praia#.geoZX8mj4

17 objetivos globais da ONU Mudando juntos!



A fotografia desta vez foi tirada por mim durante uma manhã de muita chuva após ter caído em um buraco gigante e estourado o pneu do carro. Atrasado, molhado, sujo e trocando o pneu sozinho com um certo trabalho, recebi a oferta e ajuda de um garoto de 13 anos que voltava da escola. Enquanto a chuva caia sobre nós percebi que tudo faz sentido enquanto estivermos pessoas assim. Elas que sem dúvida, me fazem ir adiante. E acreditar na transformação.




segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Pré – Históricos Virtuais? (Homoonlines ou virtualissis)




Necessidade é uma palavra forte.  Penso não ser daquelas que devem ser espalhadas por aí. Deve ser pensada antes de se utilizada. Caso contrário, seu significado pode se desvalorizar.

Necessidade me faz pensar em instinto, no mais básico do homem. Homem-bicho, homem enquanto um animal. Sobrevivência.

Para além de toda a simbologia do que nos é de fato necessário; além da famosa pirâmide de Maslow, tão querida pelo pessoal da psicologia, fico apenas me questionando o que é necessário, de fato?
Muitos afirmam que vivemos tempos de excessos. Outros tantos dizem que estamos é com muitas faltas. Seria um momento de escassez do essencial? E excesso do supérfluo?

Vamos misturar um pouco e tentar chegar a um equilíbrio?

Redes sociais e as demais maravilhas trazidas com cada vez mais facilidade graças ao avanço tecnológico da internet me fazem refletir sobre novas necessidades. E temos novas necessidades? Sim, (Criamos) novas necessidades. Mas quanto mais tempo vivemos sem algo, menos necessária ela é, certo?

Para além da alimentação, questões fisiológicas, ar e etc, o contato humano é fundamental. Dele desenvolvemos através da educação, nossa  cultura e a sobrevivência da sociedade humana.

E a internet? (especialmente as redes sociais) que é o que cada vez mais ela se tornou. Seria apenas um meio de facilitar o alcance de nossas necessidades? Seria uma ferramenta que aumenta nossas necessidades? É o elemento que proporcionou a mudança de necessidades?
O quão necessário ela é? Faça o teste!

Longe de pensarmos em termos de vilã ou de mocinha. Quero tão somente refletir sobre nossa relação com ela.  Até que ponto nós interferimos nela e ela interfere em nós. Somos os mesmos on e off ?

Quem nos ensina a viver em sociedade, desde nossa formação são geralmente nossos pais, nossos professores e de lá pra cá, já temos nossa base cultural. Claro que temos todos os exemplos (que é o que mais ensina) de todos que nos circulam, direta ou indiretamente.

Assim, desde a pré-história, fomos nos tornando mais racionais e com uma rede mais complexa de cultura. (vão aumentando as necessidades? Isso que é o tal do desenvolvimento?).

Mas pra nossa vida virtual? Qual nossa cultura? A mesma? (mas volta a questão se somos os mesmos on e off). Quem nos educa para viver as redes sociais, o convívio na internet? Nossos pais? (provavelmente não. Não são “nativos virtuais”. Nossas escolas? Geralmente não. Pouco se fala, discute e utiliza-se de fato disso. Muitas vezes se foge inclusive, com medo).

Seriamos então os pré-históricos do mundo virtual???? Teríamos que assim como nossos antepassados (reais) aprender, desenvolver uma rede cultural e deixarmos o lado mais instintivo e passarmos, através da educação, mudarmos nossa forma de lidar com tudo isso?

Mas os pré-históricos reais tiveram auxilio do fogo (que possibilitou o cozimento da carne, proteína e consequentemente o desenvolvimento do cérebro?) A agricultura e o ganho de tempo para as invenções culturais(?). É, nossa motivação vai ser qual?


Na foto, uma imagem do trabalho de Chompoo Baritone, que analisa a espetacularização da vida (ao menos no plano virtual). Por uma vida sem tantos filtros....


Abaixo um vídeo sobre comportamento e internet.

E ainda o "On ou off de que lado você está?"





segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Woddy Allen e Independência do Brasil (ou razão x emoção)

     



     Não sou da turma que ao saber que há filme novo do woddy Allen já o classifica como genial.  Também não estou no grupo dos que correm para assistir toda nova obra do diretor/escritor.  Mas confesso que após receber a in(dica)ção de um amigo -professor de filosofia - quando soube que era do woddy Allen, fiquei mais curioso.  Comecei então esse (excelente) feriado da independência brasileira com uma reflexão martelando.  (Razão X emoção). 

     O longa chama-se Homem Irracional e versa sobre um professor de filosofia, existencialista, que chama atenção por onde passa, não só pelo seu refinado arcabouço intelectual, mas também pelas suas opiniões e atitudes pouco habituais. Ao longo da história,  razão,  alunas, filosofia, sexo,  reflexão, instintos,  traição, moral,  humor e drama vão se misturando.  Um equilíbrio sadio.

     O final surpreende, ao menos na sessão que eu estava. (tanto pelos “aaah” quanto pelos comentários na saída). E nos deixa pensando sobre esse eterno dilema do homem. (racional x irracional) Reflexão que não saia de minha cabeça ao longo dos outros, filmes, ensaio, festa e conversas do feriadão. 

     Em especial, já que estamos no finde pátrio, lembro do conceito de homem cordial, dado ao brasileiro pelo célebre pai do Chico e da história brasileira,  Sérgio Buarque de Holanda. Cordial vem de coração.  Em última instância, de emoção.  Brasileiro, o homem que segue seus instintos, age pela emoção em detrimento da razão?

     Diferente da frieza alemã, da racionalidade francesa ou de vários adjetivos mais intelectuais que podemos dar aos do velho mundo, nós aqui dos trópicos, somos todos coração? Vale lembrar que estudos recentes apontam que a mesma área do cérebro que cuida do amor, cuida do ódio. 

     Brasileiro (se me permitem essa generalização )age pouco pelo racional. Aquilo que desde a pré história vem nos diferenciando dos demais animais.  Em discussões como maioridade penal, ao invés de ler, entender,  ouvir especialistas,  nos bastam argumentos que pingam emoção e que geralmente são dados aos berros e com o exemplo de sua mãe no meio. Cito o problema carcerário mas vale para temas de drogas, cotas, política,  religião ou qualquer assunto que se possa considerar "polêmico" de alguma forma.

     Preconceito e intolerância vem em grande parte da falta de conhecimento, de reflexão sobre informações,  falta de racionalidade. Não,  não quero que nos tornemos mecânicos, frios ou intelectuais  existencialistas, mas enquanto o país for campeão no número de linchamento, passar o trem por cima,  jogar o carro no dilúvio e aplaudir o Datena,  continuaremos sem a real independência.

     Em 1922, não por acaso um século após a independência do Brasil de Portugal, os modernistas diziam que tínhamos somente independência política e não cultural.  Pois digo,  enquanto não tivermos uma mudança no jeitinho "cordial" de ser,  não deixaremos nossa dependência.


Na foto, por respeito e pesar por todos "Aylans", coloco algo diferente. As crianças, imigrantes, refugiados, merecem mais. Em breve escreverei sobre as complexidades do tema, que por sinal até a Angeline Jolie (que escreveu pro times falando sobre as diferenças entre refugiados da miséria e de guerra) já tentou explicar, mas ninguém busca entender. Ficamos com a Emma Stone que esta absurdamente linda no filme. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Futuro vermelho?



Ouvindo a barba crescer,
Sentindo o gosto da chuva,
Que absorve a minha angústia,
Vou sentindo,  mentindo pra ser.

Mas quem assiste a vida,
Ve ela passar,  mostra pro outro,
Curte e compartilha, mas no fundo é oco.

O que fazer então é pensar a vida,
Felicidade, se compartida. 
E no final buscar o empate.

Há tempos desisti da verdade.
Busco o âmago de cada um pra ver se me reconheço.
Me encontro no tropeço.
Caio em mim,
Prefiro o sim,
mas sei a importância do não. 

Amando, sigo com o pé no chão,  mas a cabeça nas nuvens. 
Procurando um sinônimo, em meio a tantos antônimos, sigo anônimo. 

Seria vermelho, o futuro?



sábado, 15 de agosto de 2015

É preciso estar atento!


Tenho aprendido muito com a minha gata. Os felinos tem todo um charme, independência, mistério e um ar de superioridade sobre nós, resto das categorias animalescas. Não à toa eram considerados sagrados no Egito antigo. (por ser uma civilização que era sustentada pela sua agricultura a base do Nilo, se os ratos destruíssem os grãos, era crise certa! Gatos protegiam os grãos, a agricultura, a civilização).

Também tem o lance do gato ter sete vidas. (nove, em alguns países) Tem a forma personalizada de pedirem carinho e sua mania de tomar água sempre corrente. Já notaram o quanto as senhoras sábias possuem gatos como companhia? As gurias e caras mais interessantes também. Esses dias esperando em um veterinário com meu cão, minha gata e minha irmã, reparava a diferença entre donos de cães e donos de gatos. (ok, minha tese é um estereótipo e está cheia de preconceitos, mas bah! Muito diferente e perceptível)

Os gatos têm muito a ensinar. Talvez aqueles que vivem em sua companhia se tornem um pouco mais “felinos”. (Claro, desde que estejam dispostos a isso!). Isso me lembra de Enem e educação. Uma vez ouvi alguém dizendo que tinha ensinado seu gato falar francês. (Nossa!!!, pensei. E antes de qualquer pergunta a pessoa respondeu “se ele aprendeu eu não sei, mas ensinei”). A moral é, resultado do Enem (em último caso, qualquer processo de construção de conhecimento) depende de quem? Do gato ou da professora de francês?

Mas sobre a minha gata, que não fala francês . (ao menos, se fala não me ensinou ainda. Talvez saiba que só enrolo e demoro para aprender a gramática) Ela tem me ensinado no exemplo. (e tem outra forma?)

Desde sempre, ela passa por cima de mim enquanto estou deitado, desfila vagarosamente pela minha escrivaninha e para na frente da minha na janela. Mia para eu abrir a janela e ela poder dar um passeio. (isso é no horário que ela quiser e independe do que eu esteja fazendo). Pode ser 3 da tarde onde estou lendo, 11 da noite e eu esteja indo dormir ou 4 da manhã e eu esteja dormindo.) e mia! Mas mia! Com aquele miado que começa mais melodioso e curto e vai ficando rouco, bravo e aumentando o volume. Vou lá e abro, sempre. (não por ser legal, mas por voltar a fazer o que estava fazendo).

De uns dias pra cá, como que percebendo minhas fraquezas, ela resolveu me ensinar algo novo. Ela vai e silenciosamente fica paradinha em frente a janela. Já fiz testes, ela fica o tempo que eu demorar, em total ausência de som. A hora que abro ela sai correndo. Talvez ela tenha percebido que já aprendida a primeira lição (estar sempre disposto a auxiliar os outros, sobretudo os que por algum motivo, estejam em situação menos oportuna. A perceber a superioridade da fauna e da flora em relação a nossa breve participação aqui na terra. A servir os seres fêmeas sem pensar estar fazendo um favor. A entender a beleza da rotina. A não ficar irritado e abrir a janela com sorriso no rosto, mesmo as 3:30 da manhã de inverno. A sempre lembrar que podemos abrir a janela para ver mais longe

Mas a tarefa nova, é a do silêncio. É o exemplo de - “Ralph, não adianta gritar, espernear, brigar pelo que tu quer até ficar rouco. Não aja tanto por instinto, respire antes de argumentar. Espere. Tudo tem seu tempo. Observe as pausas, respeite os intervalos”.
Confesso que essa é ainda mais difícil. Mas ela está me ensinando. Certamente deve pensar “eu estou ensinando, se ele aprenderá, eu não sei”.

O resultado do Enem, o dono da gata ou a civilização egípcia dependem em parte do contexto socioeconômico, do capital cultural, do seu entorno e de ti! É muita fala para explicar que a alegria que o Grêmio me deu é simples, é muito número pra entender um resultado do Enem que poucas palavras explicam, é muita vida para um gato que consegue passar tudo em poucos dias. Precisamos é estar atentos!


* Na foto, a Tchuca e a janela no momento em que escrevo. 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Espelhos, humanos e revoluções

                      

Aproveitando que no post anterior falei sobre minha fé no ser humano, na minha crença na humanidade e no meu otimismo de que as coisas estão piorando cada vez menos, me permito a questionar e criticar algumas questões da nossa raça.

O ser humano desde seu surgimento lá na distante “pré-história” (conceito que guarda a visão conservadora e tradicional do paradigma positivista que pensa a história como sendo possível através da escrita e de documentos oficiais para comprovar os grandes fatos) possui comportamento e relações de poder que interferem nas suas decisões e organizações em sociedade.

Saindo da África arqueológica e entrando nos pós-neolítico e idade dos metais, já com a prática da agricultura e organizações sociais mais desenvolvidas no aspecto de governo, economia, religião e legislação, o ser humano passa a ser cada vez mais homem e menos bicho. Sobretudo no sentido de guiar-se cada vez mais pela cultura e menos pelos seus instintos. Passamos a fingir e consequentemente criamos a sociedade. Inventamos leis, regras, certo e errado, moral, educação, deuses, explicações e dai para frente vivemos uma constante transformação.

Desde a teocracia, o politeísmo mitológico e a agricultura sustentada ainda por escravos, passando pelos senhores feudais e igreja católica, reis, ciência e burgueses, até os presidentes e a mídia fomos vivenciando diferentes formas de organização social e relações de poder.

Em cada época temos uma construção de mentalidade que está associada a algum organismo que era legitimado através da população nesta relação de poderes. Todo período guarda então uma série de regras, normas, leis, certos e errados. Como consequência temos as desigualdades econômicas, sociais, os excluídos e preconceitos.  Temos também junto a isso as tentativas de mudanças e revoluções.

Seja o rei para ficar no lugar do ser mais forte, a igreja para ficar no lugar do politeísmo, o rei pra mandar nos senhores feudais, a ciência para derrubar o rei, o burguês para controlar a economia, o presidente para comandar a nação e quem para comandar tudo isso, hoje?

Para além da questão midiática que está associada intrinsicamente nesse processo contemporâneo como elemento de construção de uma percepção da realidade e das grandes empresas associadas aos sistemas de governo, temos o ser humano. Mais do que nunca temos a oportunidade de interferir na história.

Vivemos um momento que com algumas ressalvas, o poder esta compartilhado e disseminado entre todos. Seja na política democrática cada vez com mais espaços para participação efetiva, seja pela economia alternativa cada vez mais presente, através do pequeno produtor/comerciário ou através das redes da internet, seja na arte onde agora não dependemos mais das grandes gravadoras e qualquer pessoa pode gravar seu cd em casa e divulgar pela internet. Podemos ser jornalistas de facebook e compartilhar nossas próprias noticias ou visões sobre elas, escrever nossos livros virtuais... Enfim! O poder esta conosco.

A questão é: Quais as implicações disso? A primeira coisa que penso é na relação entre liberdade e responsabilidade. Defendo a escada do 1) responsabilidade. 2) autonomia. 3) liberdade. Afinal, como diria Renato Russo, liberdade é disciplina.

Isso implica e reconhecer que não temos mais um (único) polo de poder que deve ser questionado, derrubado... não há o rei, a igreja, a ideologia.... a revolução terá que ser dentro de cada um de nós!

Esse momento paradoxal, marcado sobretudo com as tecnologias alimentando o empoderamento, fica a questão: De um lado auxilia o protagonismo cidadão construtor de uma nova sociedade, um mundo em rede e conectado com a transformação, de outro a fragilidade da violência e intolerância da impessoalidade.


E viva a micro revolução cotidiana.

* Imagem aleatória somente para refletir que o futuro da sociedade será o que o ser humano fizer consigo. 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre Fé, pessoas e 27.

     


Para mim, que não sigo nenhuma religião nem creio em Deus,  a fé é algo bastante singular mas não menos importante.Eu tenho fé no homem. Digo homem não em gênero, mas enquanto ser humano. Fé no poder transformador destes sujeitos biopsicosociais. 

Desta forma, como se pode imaginar, vivo algo meio politeísta e em contato diário com esses seres divinos.Porém sagrado mesmo são quando estas pessoas através de atitudes atingem os pequenos milagres do cotidiano.

Essa semana para minha felicidade e reforçar minha crença, testemunhei alguns.Não irei narra-los porque não pretendo converter ninguém a seguir a minha "religião". Sendo assim, ao invés de buscar a catequese contando as cenas,  apenas deixo a sugestão de estar atento. Olhos e peito abertos. 

Nos versos da Luiza Romão, no barulho dos ages and ages, nas pegadas do Tim Tim... a semana foi de descobertas.Talvez antes do retiro já tenha tido o material para a reflexão que mais queria.  O sinal tocar não significa que temos que parar.

Como alguém me pediu sussurrando no início da semana, "pensa em nós". Pode ter certeza, nosso segredo: pensarei em todos os seres celestiais que estão por aí me ajudando a crer, mesmo sem saberem. 

Ao invés de uma palavra ritualista, minha oração termina com um obrigado. Menos ascento e a religião seria melhor.  Trocar o amém para o amem. 


Meu aniversário é semana que vem, mas já ganhei uma boa hidratação no olhar como presentes essa semana. Certamente me ajuda a enxergar de forma mais límpida. 

     Embora historiador, não gosto de datas. Talvez justamente por isso não goste! Mas na real, nunca gostei. Sempre as troquei, confundo, esqueço....  provável que estudar história tenha me feito é entender um pouco mais o porque não simpatizo com elas. O que importa é o processo! Gravamos que 22 de abril foi a descoberta do Brasil. (Mas “descoberta”? e o europeu só chegou aqui em 1500? Que nada. E aqui era já o Brasil? Hã!) Mas ao invés de pensar sobre todas as implicações, muitas vezes ficávamos parados no ato de gravar 22 de abril de 1500. 

13 de maio e abolição da escravidão? Mas por que? Bondade da princesa Isabel? Todos aboliram juntos? E o que os escravos fizeram? Relação revolta da vacina, periferia, atualidade, cotas? Não, não, 13 de maio de 1888.

      7 de setembro de 1822 e a independência! Mas o país se tornou independente de quem? Dom Pedro I ficou independente do pai... e Portugal ficou sabendo no mesmo dia da nossa independência deles? Sem briga, assim, de boa? Pra ser no mesmo dia deve ter avisado pelo whats... Ao invés de discutir o que (não)mudou ou então quando nos tornamos independente de fato, lembremos do 7 de setembro de 1822. Não vou falar aqui da proclamação da república de 15 de novembro de 1889 e da população assistindo a tudo bestializada... Paremos! Datas são só datas. Geralmente nem conferem ou praticamente nada tem de relevância no processo.

         Mas isso tudo pra chegar a reflexão que meu aniversário chegou! 27 anos. Caralho! E quando eu me imaginava um tio de 27 anos de pasta, trabalhando em algo chato, sendo pai, tendo uma esposa e fazendo tudo de forma séria? É tão estranho ir ficando velho e ainda dançando a música do caminhão do gás até meu pai ficar bravo. Contar piadas para meu cachorro e morrer rindo quando ele não entende. Ainda ter medo de se perder, tomar vacina, entrar em hospital e prova de matemática. Ainda fingir ser um guitarrista de uma banda de rock no quarto escuro, passar trote, criar planos durante uma semana inteira pra ver que é surreal dominar o mundo...  Ter um quarto cheio de bob esponjas, adorar assistir desenhos animados, brincar com irmã, primos, amigos e até sozinho.

     Fingir no transito que está em uma corrida, chorar no colo da mãe, sentir dor no polegar de tanto jogar vídeo game, se quebrar no skate, futebol, se afogar pegando onda... Tocar lepo lepo no presidio, dançar funk na sala de aula, falar palavrão e ficar medo de ser punido por isso...

Ter 27 anos é ter que fingir mais. 

* Na foto, a festa surpresa desse ano. (sim eles são demais e sim, eles acham que fiz 7 anos) Ótimo estar com meus familiares e amigos. Só depois que percebi que não tirei foto com eles. O que me deixa mais feliz ainda. Estão todos gravados em mim, não na câmera. (tirar foto é gravar o passado pra ver no futuro ao invés de viver o presente) 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Quando a vida imita a arte!

     


    Lembro-me de quando estava no terceiro ano do E.M e de pensar em algumas coisas além de música. Os atributos físicos da minha professora de literatura forçavam-me a prestar atenção na aula e perceber o quão interessante era também a parte abstrata do que se apresentava para mim semanalmente. Lia os clássicos da literatura brasileira com prazer. Lembro-me de ter curtido absurdamente os contos do Machado (em especial o Alienista, um dos mus favoritos até hoje). (Alienista ou alienado? De que lado você está?) Mas foi o Memória póstumas de Bras Cubas que foi impactante e me auxiliou na decisão de fazer história.


     Ficava me imaginando no Brasil do século XIX. Imaginar, viajar, parecia tão fascinante e a história me proporcionaria fazer de forma remunerada o que já fazia o tempo todo. Nessa mesma época lembro-me de ter assistido na linha do tempo. Naquele tempo as locadoras ainda tinham movimento. Lembro-me de na capa do dvd fazer referência ao coração valente, que já tinha gostado bastante no tempo ainda do ensino fundamental. (fiquei uma semana inteira sem aula, só dendo o filme! Melhor semana de aula do fundamental). O fato de ir para o futuro e, sobretudo voltar ao passado me deixou fascinado. O desejo foi se tornando mais real. Por fim, nessa época eu ouvia tudo o que o Raul Seixas me dizia e assisti pela primeira vez um dvd contando a vida do Bob Marley que analisava suas letras e tratava do engajamento em questões sociais. (lembro de dançar no quarto com o violão e ensaiar discursos)

Pronto! A história me deixaria viajar (nos dois sentidos), me permitiria o contato com a arte, me incentivaria a conhecer e transformar a sociedade que eu estava inserido. Claro que outras questões foram importantes na tomada de decisão, mas o filme, o livro, as músicas foram decisivos.

Na época da faculdade lembro-me de ter lido Utopia, assistido Lutero, pro dia nascer feliz e descoberto mais profundamente a vida e a MPB. (lembro-me da sensação de comprar o vinil da tropicália) Mais uma vez fui transformado por estes aspectos artísticos e minha vida tomou um novo rumo. Não a toa minha pesquisa final foi sobre a relação da MPB com a cultura e identidade nacional, buscando através das analises das letras das canções, uma transformação da educação de nosso país. Fui para a pós-graduação em História e Comunicação Brasileira, com ênfase em estudar mais afundo a relação da musica com a nossa identidade.

Após isso, me dediquei a ler mais atentamente as veias abertas da América latina, do Galeano. Na mesma época assisti o diário de motocicleta e fui atrás do diário do Che. Into the wild, on the road foram alguns livros dessa época. Ramil passou a me fazer cia também. Preciso viajar, conhecer outra realidade e vivenciar de fato o que é ser latino!!!! Fui parar fazendo mestrado no Uruguai. (correrias latinas)

Nessa época fui buscando mais o Foucault, o contato com os ditos excluídos dos excluídos, as mazelas, me deparei com o sistema carcerário. É isso! Minha pesquisa de mestrado, meu empenho e energia desde então.

Claro que ao longo de tudo isso, muitos livros, filmes e músicas foram importantes para mim. Estes, porém foram os que puxaram os demais. Estes foram os que fizeram eu conhecer ou despertaram alguma coisa que os demais (muitas vezes melhores, mais importantes e significativos no meu ponto de vista) puderem contribuir e me incentivar ainda mais que os primeiros.

Atualmente, pretendo terminar o mestrado e colocar meus novos planos em prática! Filme, livro e música já tem! Dessa vez a dose de romance e aventura é ainda maior. Mas por hora, ainda me é meio suspense. As vezes penso nele como um final feliz de comédia, outras me bate uma insegurança e medo de terror. Mas preciso tirá-lo de ser ficção. Em breve nos cinemas ou na minha vida. Pela frente, me retiro uma semana pra definir o roteiro.  

* Na foto, a vida e a arte. A vida que vira arte ou a arte de viver. Vivarte: Eu, a Janis, a Vick e a Black.  

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Notas de rodapé

    

    Muitas vezes guardamos o título do livro por achar que ele sintetiza ou explica a obra. Outras vezes pensamos que o primeiro capítulo, como forma de fornecer um contexto e introduzir o assunto, é o suficiente para sabermos o que é tratado. Em alguns casos a sinopse ou a contracapa parecem dar conta do recado. Tem ainda as oportunidades onde lemos o final, como que buscando na conclusão ou última página entender o que aconteceu ou a moral da história. Há também aquele dia que abrimos bem no meio para buscar o âmago ou ápice do livro.

     Mas hoje não quero falar dos livros. Quero falar das notas de roda pé da vida. Não são os títulos luminosos, os grandes finais, a moral da história ou algo assim, mas é um detalhe que por fazer toda a diferença. Muitas vezes muda tudo. Desde o gênero literário, o grau de confiabilidade do escrito até o nosso futuro ou o meu passado.

    Trato aqui como notas de rodapé aqueles momentos micromágicos que vivenciamos e que dificilmente conseguimos esquecer. Não sei por quê. Não sei nem se sou só eu que tenho isso. Posso sofrer de uma doença rara e não sei. Micromomentismoseternos agudo.

     Não são aniversários, nascimentos, mortes ou datas especiais. Pode ser empurrar alguém no balanço em uma tarde de 1997; um abraço na volta das férias de inverno de 2014; uma fala durante um show em setembro de 2009. Uma pulseira, um desenho, um olhar. Sem um motivo que consiga explicar, mexem, ficam, servem. (são verdadeiras lições)

     Talvez seja isso o tal do aprendizado. A hora que cai a ficha, que conecta, que encaixa, que faz sentido. Provável que nenhuma das outras peças saiba o que pensei, senti e as consequências disso até os dias atuais. Essa semana que escrevo posso citar ao menos dois momentos.

     Experiencia em trocar ideias com pessoas de diferentes áreas no palácio do ministério público, viagem até Caxias com especialistas em temas que me interessam muito, debate com estudantes de diferentes opiniões... mas o aprendizado maior foi na observação de uma atitude. Durante o debate, ele silenciosamente pede licença e sai. (ficou bravo? Foi fumar um cigarro? Banheiro?) fiquei no palco nem mais prestando atenção nos colegas debatedores, mas intrigado.

     Em todo auditório, poucas pessoas não se entusiasmaram com o que foi discutido. Encantados em defender a proposta, todos fomos agressivos ao defender nossos argumentos que são facilmente sustentado ao responder as críticas (ou melhor, reclamações. Por não conterem argumentos embasados ou proporem uma alternativa). Em resumo: Um casal foi metralhado por pensar daquela forma, no mínimo incoerente e preconceituosa. (não sei se por ter de ouvir esse discurso quase diariamente, não fiquei chocado com aquela forma de pensar).

     Ele depois de ouvir em silêncio, saiu. Era o que estava mais embasado em discordar daquela aberração, era o que mais tinha argumentos. Ele podia ser ovacionado por todos os demais do auditório. Ele estava lá na rua fria de Caxias explicando melhor para o casal. Talvez o casal não mude de opinião. Talvez nem pense mais no assunto. Talvez todo o esforço, preparação e discussão da palestra fosse nada, a moral estava ali na cerração gelada do estacionamento. Entre ele e o casal.

     O show foi ensaiado. Autorizado. Fez-se set-list. Todos equipamentos em três viagens. Perde trabalho. Mata aula. Cancela jantar. Briga com ela. Negocia com ele. Por favor, porra. Luz, som, gente. Experiencias diversas outra vez. Erros, falta de organização, desrespeito, perdão, respeito, orgulho, humildade. E onde menos vem é que mais se espera? O aprendizado maior não veio em isso tudo.

    Ela, no meio de meus transtornos. No meio de tudo. Aquela fala que era minha. Aquilo que eu digo. Ela reproduziu. Eu identifiquei. Mudou tudo. E quem só ganha perde a honra de chorar. Mas e o que é perder? ganhar? Procurarei meu filósofo do empate. Mas na comemoração esquecemos. A vitória pode cegar e a derrota paralisar. Entre choro e grito, um abraço. O abraço. Meu prêmio. Ali eu tinha derrotado a simples vitória. Empatei. Essas três pessoas nem sequer vão imaginar o que aprendi com elas essa semana. Eu nunca vou esquecer. A gente aprende é nas notas de rodapé. 

* Na foto, a banda tocando um rock and roll no sábado de manhã (no Marista Graças) da semana citada. (algo que gerou algumas notas de rodapé) O negócio é misturar!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Tolerância



Lembro que há alguns anos eu pensei que talvez o conceito que a sociedade mais precisava era a tolerância. Nessa época eu fazia pós-graduação e pesquisava sobre música e cultura brasileira. Trabalhava sobretudo com jovens adultos, onde compartilhava esse olhar para a arte e identidade através dos mais variados debates dentro das ciências humanas.  Porém, me questionava se o termo seria o mais apropriado, uma vez que a crítica, revolução, utopia, m pareciam muito mais uteis para nós todos.

Atualmente, trabalhando com estudantes mais jovens e pesquisando sobre educação não formal e sistema carcerário, tenho tentado compartilhar que a revolução só se alcança se passarmos por alguns estágios. A crítica é essencial mas dependendo de como é feita, se transforma em mera reclamação. A utopia é o alvo, mas precisamos dar o primeiro passo. Então é aí que volta, com força total, o termo de Tolerância.

Não só no contexto pessoal, mas na sociedade em que vivemos atualmente, talvez nunca tenha se feito mais preciso a tolerância. Na questão política partidária, nas religiões, nos esportes e em especial no futebol, nos movimentos socais...

A religião, como elemento que mais levou a mortes ao longo da história, segue não conseguindo praticar a tolerância. No contexto mundial através do Estado Islâmico e no contexto nacional através da Bancada Evangélica e seus aliados, vemos que democracia, o regime da tolerância não combina com a intolerância religiosa.

A questão não é o islamismo ou o protestantismo evangélico. Pensar assim de forma generalizada já é intolerância. Mas a interpretação que se faz, radical, nos leva sempre a intolerância. O problema é que aí até as coisas que estão em busca de um bem maior podem se contaminar. As feministas e seus direitos totais de ficarem indignadas com a sociedade que parece uma propaganda de cerveja, de tão machista. Os homossexuais e seus direitos totais de não aceitarem as medidas preconceituosas de determinadas religiões.

Mas, mais uma vez o profeta estava com a razão e a emoção. Se gentileza gera gentileza, intolerância gera intolerância. Assistindo a uma partida de futebol, fazendo um show de rock, participando de um debate acadêmico ou de uma gincana escolar, isso fica visível.
Eu quero paz com liberdade, amor sem ódio e igualdade na diferença. Isso é utopia, mas para atingirmos precisamos dar o primeiro passo. A Tolerância.

Tolerância é ouvir mais que falar, pensar mais que agir, se colocar no lugar do outro. É voltar atrás, é dar braço a torcer, perdoar, engolir. Respeitar. É diálogo, é troca, é empate. Não é o mais bonito, mas é a base. Não é minha utopia. Mas é o primeiro passo.

Aprender, praticar, compartilhar. 

terça-feira, 2 de junho de 2015

Reformas, construções, Cunhas, Blatters, Patricias e Évretons


Sentei para escrever sobre a redução da maioridade penal, proposta de derrubar a lei do desarmamento, críticas ao “mundo do futebol”... Temas que cada vez mais me convenço, é difícil trabalhar em uma sociedade que quanto menos sabe mais fala com intolerância da verdade absoluta.

Essas questões de violência estão fortemente ligadas ao conceito de intolerância que é alimentado pela velocidade das redes sociais. O bom é que o povo tem voz. O ruim é que não tem argumentos. Acabam sendo apenas caixa de som que amplificam uma mesma voz.

Mas eis que as besteiras que o presidente da câmara Eduardo Cunha tenta colocar aceleradamente para votação, os problemas de violência, a alienação útil da (falta de) educação, autonomia de jovens (amplificadores), e esses mesmos temas sendo escancarados no mundo do futebol.... no meio de tudo isso escuto uma canção! Ela me faz esquecer tudo e me leva para a rambla de Montevidéu.

Em uma noite drogada,  no centro de Montevidéu, estava eu em uma festa numa casa abandonada. Fui com uns caras que conheci horas antes num albergue. Teria um show,  os músicos eram esses meus mais novos amigos. Um argentino, dois uruguaios, compomos algo de tarde,  antes de pegarmos um ônibus pro show.

Lá cerveja de litro,  papos a kilo e gurias a metro.  Era um banquete e eu ali com fome de novidades.  Teve apresentação de violino, filme preto e branco e o resto foi tudo colorido. 
No outro dia acordo pro café (da tarde) com a notícia de que teria show de brasileiros.  (Era a galera do olodum). Meu colega baiano queria ver o que era ser baiano. Eu queria saber ser brasileiro. Com uma loira de SC fomos pra parada tentar descobrir qual o ônibus iria pro lugar do show que não sabíamos onde seria.

Encontrei uma argentina, meio hippie, gostei. Descobri que era musicista e tocava na orquestra da cidade do Che Guevara.  Conversamos até o fim do show.  Na volta, por ser brasileiro, carona na van do olodum. 

Segunda feira tem aula. Discutir política, educação, brincar de corrida de caranguejo no corredor e comer no chinês que é mais barato. Pra de noite sobrar grana pra pizza com ceva, onde o garçom discute sociedade com mais argumentos que o professor e a garçonete encanta mesmo em silêncio. 

Era no bar que recebia sanduíche da brasileira aposentada que queria  conhecer o mundo e alimentar melhor o estudante sonhador. Entre um gole e outro, mais um trabalho feito.  Artigos lidos e dia finito. 

Bah que saudade da minha rotina Uruguaia do mestrado!
Mas acorda Ralph, aqui estamos preocupados com o futebol, então vamos tuitar algo do meu time contra os adversários e enquanto a grana rola entre eles, a intolerância e a violência entre nós  eu grito gol! Algum Blatter sempre estará lá a olhar por nós! ( rir de nós). Pro professor digo que não li porque não lembrei, mas discuti política com um pai. Temos que tirar a Dilma e 16 anos pode votar, tem que ser preso então!!! e temos que ter nossa arma em casa, afinal ta tudo muito violento. (aqui ainda posso ser irônico). Afinal a culpa é da Dilma, do professor e do pessoal da periferia.  

“.Acabei de receber uma promoção, vou virar mestre de obras. Terei uma obra só minha em Canoas. Dedico ela a ti pois teus pensamentos mudaram os meus”. Recebi ontem antes de dormir essa mensagem de um ex estudante do EJA. Por mais saudade de Montevidéu, talvez  aqui a educação possa construir um novo país.. Se tivermos mais pedreiros, assim!!!!! Afinal mudar de lugar é fácil, mas mudar o lugar... Melhor é abrir uma Patricia, responder a hippie e seguir a construção.

Não sei dizer eu amo vocês, então torço que as atitudes sejam entendidas. (as vezes precisamos uns "nãos")