terça-feira, 25 de abril de 2017

Porquês, baleias e diálogo!


   Defendo, desde minhas recordações mais remotas, a liberdade e o dever de discutir todos os assuntos. Especialmente a partir da minha jornada como educador. Desta forma, creio na educação como a principal arma para enfrentar o senso comum, seus preconceitos e intolerância. Adotando um tom mais cientifico, intelectualizado e sobretudo na construção de um pensamento crítico, penso que a escola é lugar de debater todos os assuntos.

     Fujo dos jargões “política e religião não se discute”. É somente a partir da reflexão e do debate que podemos avançar e tomar decisões mais racionais, levando em conta a tolerância, o respeito e o bem estar da população. Não discutir política só nos torna mais ignorantes e idiotes (termo que deu origem ao idiota, mas que se referia aos gregos que não participavam das decisões política na Grécia antiga) O tal do Analfabeto político, de que Brecht trata.

     Morte, suicídio e depressão são outros temas que devem vencer o tabu e nos trazer reflexões, estudo e debate. Claro que como qualquer outro tema, requer cuidados, responsabilidades e questionamentos na condução da reflexão. Sugiro que nos afastemos dos extremos da paranoia ou da ingenuidade.
     Não é uma série ou um jogo (13 porquês e baleia azul) que deve ser o foco da conversa. Equivale dizer que a culpa da corrupção é existir dinheiro. O que devemos é entender estes aspectos como estopins ou gotas dagua que podem nos levar ao tema central. (Por que tantos jovens se interessam pelo jogo e pela série??)

     Saliento a importância da diferenciação nesse assunto. A série e o jogo não devem ser tratados como sinônimos ou algo do tipo. São questões bem diferentes. Assim como tristeza e depressão. Mas a questão central é ter sido preciso um jogo que envolve suicídio ou uma série que aborda também o tema, para as pessoas perceberam algumas coisas. (e da pior forma)

     Muitos pais e mães apavorados pensando que os seus filhos podem vir a se matar por assistir uma série, ler um livro ou alguém da sua escola estar jogando algo. Mas não percebem o seu filho diariamente. Antes de perguntar como ele está, manda email para escola querendo saber o que a gente está fazendo para reverter o tema da morte!

     Se acompanhassem mais os filhos/filhas perceberiam que bullying, preconceito, morte e doenças psicológicas são temas recorrentes das atividades escolares. (fala do contexto em que estou envolvido). “Prezada mãe, eu falo disso desde o 8 ano com seu filho. E você? “ De novo a linha do equilíbrio. Não cair na paranoia exagerada que afirma todos estarem fazendo o jogo (o número é infinitamente menor do que as correntes de whatsapp mostram falsamente) e a série pode e deve ser assistida pelos pais para entender muito da realidade dos jovens. (Quem sabe está ai um motivo pra você sair do whats/face e fazer algo com o filho/a).

     Mais uma vez o equilíbrio: Ao mesmo tempo que não devemos nos apavorar crendo que quem assiste a série vai querer se matar ou que todos vão morrer no jogo da baleia, não devemos minimizar a doença depressão ou a tristeza humana. Conversar é sempre o melhor caminho! Com familiares, amigos, professores, CVV, psicólogos....

     Importante salientar por fim o quão pode ser produtivo trocar o conceito de “culpa” (reforçado pela cultura judaico-cristã) por responsabilidade. Não auxilia pensarmos em culpa. É no mínimo reducionista. E sim pensarmos em responsabilidades (no plural). Tod@s nós temos responsabilidades em nossas ações.

     Não foque na gota d’água mas no que fez o copo encher para que possa transbordar com uma mera gota. Debater suicídio e a morte é valorizar a vida. Há alguns desafios do bem, como o baleia rosa e etc. rolando por aí. Estou criando um próprio para algumas turmas que trabalho! Mas talvez o principal desafio seja a a aproximação, o dialogo e o conviver! Vamos lá!

Ps: Se você leu aqui e precisa de algum apoio, estamos aí!

Sugiro que faça uma lista com 13 porquês deve se manter vivo! Caminhando e compartilhando. Quais são teus motivos? inspirações? pessoas? objetivos e tudo mais que te mantém caminhando...

CVV é o centro de valorização a vida - Atendimento emocional/psicológico e prevenção de suicidio via internet/telefone/presencial totalmente gratuito. http://www.cvv.org.br/


terça-feira, 18 de abril de 2017

Na educação é preciso ouvir...

 Vivemos tempos complicados no tocante a educação. Desde a esfera municipal até a federal, mudanças estão sendo tomadas sem a escuta de professores, especialistas ou estudantes. A educação é a arte do encontro. E este pressupõe contato, dialogo e troca. Ou voltamos ao modelo tradicional, onde somente um ordena e os demais obedecem. Ensino bancário, que identificam períodos ditatoriais.

Os avanços da educação nos últimos anos estão sendo colocados de lado. Exemplos de países que desenvolveram bastante os resultados educacionais também estão sendo ignorados. O Brasil marcha na contramão do que se pensa ser a educação do século XXI.

Documentos construídos e discutidos mundialmente têm sido negligenciados nas novas ordens dadas sobre a esfera pedagógica em nosso país. A construção do conhecimento interdisciplinar, desenvolvendo habilidades e competências, avaliação nas esferas conceituais acadêmicas, tecnológicas, políticas e éticas tem ficado no passado.

 Não é objetivo dissertar sobre os elementos construtores de uma educação que a própria UNESCO pressupõe como ensino de qualidade, mas questionar a forma que as mudanças vêm sendo tomadas. Sem ouvir os principais personagens da história: educadores, especialistas e estudantes.

Temos a ameaça do Escola Sem Partido, projeto que busca formar analfabetos políticos, sobre o pretexto de existirem professores que doutrinam os jovens. Importante lembrar que foi o medo do comunismo que nos encaminhou para a ditadura de Vargas (1937 – 1945) e a ditadura militar (1964 -1985). Períodos que adotaram modelos educacionais próximos ao que estamos caminhando novamente. Lembro ainda que essa acusação de doutrinação não é novidade, uma vez que o filosofo Sócrates, já na antiguidade foi condenado à morte pela mesma acusação.


Além desse deplorável projeto, assistimos as trágicas medidas de mudança no Ensino Médio propostas de cima para baixo pelo governo federal e as conturbadas alterações ordenadas na rede municipal. Quando vamos ouvir os educadores? 

* Na fotografia, uma frase que gosto muito. E deixa no mínimo dois grandes questionamentos: a) Não adianta um discurso bonito e faltar ações. Não adianta rezar sem mexer os pés. É preciso atitude. 

E a diferença entre grafite e pixação que vai muito além do senso comum de "um é arte e outro vandalismo". Será mesmo??  Mas isso já é tema para outro texto.