A contemporaneidade inicia-se com a revolução
francesa de 1789. Ela, em resumo foi a prática de ideais iluministas como a
liberdade política e econômica, o racionalismo e a defesa por uma igualdade
social. Em uma única palavra: república. Com o slogan de liberdade,
igualdade e fraternidade, os franceses abolem o absolutismo monárquico e
instauram a política republicana.
Essa
ideia requer a divisão dos três poderes, proposta pelo filósofo Montesquieu. O
controle não estaria mais concentrado em um líder absoluto. As decisões agora
dependeriam de um processo mais complexo, democrático e plural.
Porém, quase 230 anos depois da queda da
bastilha, ainda temos dificuldade de compreender a república. Teremos eleições
em outubro e estamos todos focados estritamente nos candidatos do poder
executivo. Como se o governo dependesse unicamente do presidente e ele sozinho fosse
capaz de salvar ou afundar a nação.
Reforço a importância de estarmos atentos à
disputa presidencial em um momento onde nem todos candidatos parecem primar
pela continuidade do modelo político democrático. Porém, a questão central do
texto é perceber que se não houver mudança significativa no legislativo, não há
como pensarmos em alguma transformação significativa.
Deputados e senadores escolhidos nesse ano tem
a responsabilidade de elaborar e discutir as leis que guiarão a sociedade, bem
como fiscalizar o trabalho do executivo. Em centenas, estarão divididos entre o
congresso e as assembleias, ganhando salários muitas vezes não compatíveis com
seus discursos, assiduidade ou a pouca efetividade na vida do cidadão.
Possuímos o legislativo mais conservador desde a época da ditadura. E ao que
tudo indica, nessas eleições haverá a menor renovação dos últimos anos.
Cômodo
ou ingênuo seria pensarmos que todo o legislativo está fadado ao trabalho
incompetente e antiético; ou acreditar que o Brasil mudará somente pelo poder
executivo. Pobre do país que precisa de heróis. Em uma república precisamos
pensar e viver o coletivo. Pesquisar e acompanhar o legislativo é o primeiro
passo para vivermos um país efetivamente republicano.
ps. A fotografia dessa publicação é em homenagem ao dia dos psicólogos e psicologas que ocorreu nessa semana. O agradecimento e admiração por estas pessoas que através da escuta auxiliam na transformação.