quarta-feira, 19 de novembro de 2014



                         As coisas não ditas.

Todos nós silenciamos.

Cada vez menos, é verdade.

Vivemos em tempos que as pessoas gritam seus desejos, estampam seus feitos,
Publicam, curtem e compartilham, tudo na expectativa de... espera! Na expectativa de que?
Serem ouvidos? Vistos? Lembrados? Admirados? Invejados?

Penso que a falta de liberdade para se expressar está entre as coisas mais doloridas para o ser humano. Não somos se não nos expressamos. A angústia do silêncio do pecado, da ditadura, do segredo, sem dúvida é marcante.

Mas pelo contrário, atualmente não tem sido esta a questão. Vivemos em um país onde, ao menos na teoria, garantidos também pela constituição e dentro de nossas amarras culturais, temos a total liberdade de expressão.

Tanto se lutou e ansiou por isso... e agora?
Todos emitem todo tempo, mas poucos veem, poucos escutam.

Seria um momento de protestar para que as pessoas, ao invés de somente falar, mostrar, expressar, também vejam, escutem e percebam?

Talvez o excesso de palavras, usar e abusar das imagens, não tenha mais nos dado o trabalho da escolha, da reflexão, do lapidar o que mostramos, falamos.  Não no sentido da censura (bate na madeira 3 vezes), mas no respeito ao que devemos ter conosco e com os outros.

O bem escrever, o saber falar, reside no ato de escolher bem as palavras. Já dizia o Schopenhauer.

Não faltam pensadores que louvaram o silêncio. Desde filósofos antigos até poetas contemporâneos. Mas por hora, ao invés de citar as frases, fiquemos em silêncio.

E por fim, parafraseando o Tim maia (que está em cartaz com um filme que se me agradar pelo menos a metade que sua biografia - Nelson Mota, me agradou... deve ser foda!)
 “aaaah  se o mundo inteiro me pudesse ouvir...”

Se o mundo inteiro te pudesse ouvir, falarias o que?
ps:Mas hoje não vivemos um tempo onde o mundo inteiro pode nos ouvir?

Calo-me.



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quebrando os muros!


Semana passada completou 25 anos da queda do muro de Berlim!

Há 25 anos a Alemanha estava novamente unida, ao menos teoricamente.
 Caiu junto com o muro a guerra fria que desde o final da segunda guerra mundial dividia o mundo em ideologias divergentes. EUA e seu modelo de vida capitalista onde se vende a ideia de que há liberdade, mas se é escravo do dinheiro X URSS e seu modelo socialista onde se doa a ideia de igualdade, mas se é escravo do estado.

Embora tenha dado um tom crítico, de fato é importante refletir sobre os dois modelos para, diferentemente da cegueira contemporânea, pescar aspectos positivos de ambas as ideologias. Com o triunfo do capitalismo e a globalização se aprofundando e acelerando a comunicação entre os países, considero a queda do muro o marco inicial para o inicio da era pós-moderna.

Não, a pós-moderna não vem depois da moderna (1453 – 1789) e sim depois da contemporânea. Período que ainda é tema de discussão acalorada nos meios intelectuais. Desde Lyotard e a pós-modernidade e Bauman e a modernidade líquida.

De fato penso que este novo período é marcado pela descrença nos macro discursos, nas grandes ideologias. Uma era de aceleração na tecnologia da informação, em excesso, por sinal, de velocidade na comunicação, falha muitas vezes, e nas micro-revoluções.

Sou simpático a esse período. Sou um crítico otimista. Penso que as coisas estão piorando cada vez menos.

Percebo uma ampliação dos direitos de cidadania, um debate maior de preconceitos, uma maior participação das pessoas nos processos, uma valorização da educação, diferença e da sustentabilidade.Sim, estamos engatinhando em tudo isso... mas agora se fala sobre isso!

Mas talvez fosse interessante batalharmos para derrubar outros muros. Não mais os muros das ideologias. O muro que está entre as pessoas atualmente.Entre psdb e pt, entre gremistas e colorados, entre professores e estudantes, entre colegas de trabalho, entre amigos de facebook, entre pedestre e motorista, entre hetero e homo, entre homem e mulher, entre negro e branco, entre rico e pobre, entre nordeste e sul...

Esse clima de raiva tem me cansado um pouco. Vale só a ressalva que esse contexto de “caos” é o que marca um momento propicio para grandes “ditaduras contemporâneas”. Desde o nazismo, passando pela ditadura do estado novo ou militar de 1964.

As pessoas procuram discursos fortes para se defenderem nessas épocas de ânimos acirrados. Atualmente, lembre-se do estado islâmico. Mas lembre-se que a única coisa que nós sabemos sobre ele é o que nossa visão ocidental nos deixa saber... (mas na pós-modernidade não tinham terminado os mega discursos? É o ocidente e o oriente, cada um no seu ritmo, ainda).

p.s: na foto o meu pedaço do muro J