Que vivemos em tempos cada vez mais corridos podemos saber
via analises de pensadores pós-modernos ou em uma conversa via whats app com
aquele vizinho que nunca vemos. Preferencialmente na conversa (digitada, ou até
mesmo através de emoji) pois é mais prático e rápido que a leitura e a reflexão
de um livro.
A questão é que não cabe aqui (e não temos tempo(?)) de
versar sobre as possíveis causas que convirjam para essa era acelerada. Apenas,
ciente dela, buscar refletir através de alguns movimentos, exemplos e
incentivos a uma mudança de percepção.
O já consolidado e divulgado movimento do slow food que
desde o fim dos anos 1980 vem trazendo uma reflexão em contrapartida não só da
alimentação fast food (espelho) mas da própria sociedade fast food.
Em seu manifesto, sua filosofia e missão aparecem aspectos
como o direito ao prazer da alimentação, utilização de produtos artesanais de
qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente
quanto as pessoas responsáveis pela produção, os produtores. Bom, limpo e
justo! Tão simples e tão difícil nesse nosso tempo. Uma alimentação mais saudável, responsável e
prazerosa. (quando as pessoas dar-se-ão
conta de como esses conceitos andam juntos?)
Através do respeito ao meio, a biodiversidade, as pessoas, a
nós mesmos, essa filosofia propõe através de um dos nossos hábitos mais
primitivos, uma mudança na forma de perceber as coisas.
Baseado nisso, nossa era é caracterizada pela informação.
Velocidade e consequentemente, excesso de informações. (quase todas elas
inúteis para nós após alguns minutos). Pouco se transforma em conhecimento e
quase nada vira sabedoria.
Pensando em tudo isso, trago para pensarmos também o slow journalism.
Movimento pensado também em alternativa (para não falarmos em oposição) ao
jornalismo que vem sendo muito praticado atualmente. Para muito além de
manchetes que usam uma imagem e pouco texto, baseado em achismos e valorizado
pela antecedência ao ser publicado e não pela qualidade... o slow journalism
prega uma reflexão mais aprofundada sobre os temas. Mais importante do que
noticiar primeiro é noticiar bem. Mostrar os diferentes lados, embasado, fontes,
acompanhar um processo... enfim, novamente respeito, prazer e reflexão.
Por fim, como podemos já estar pensando, parece possível
usarmos o “slow” para muitas áreas de nossa vida. Por uma vida mais “slow”.
Seja nas opções de lazer e divertimento, no transporte urbano, na nossa forma
de trabalhar, estudar...
Vencer o conteúdo e acabar o livro a tempo para conseguir
contemplar tudo na prova! Provas a tempo de passar no vestibular, entrar na
faculdade ainda adolescente para graduar-se e começar a trabalhar o quanto
antes. Trabalharmos mais e ao encontrarmos nosso vizinho (no whats) dizer que
não lemos o livro do pensador pós moderno pois não temos tempo. Só trabalhamos.
“o tempo ta corrido”. É, nisso tudo, por medo de ouvir p pai dizendo que “não
trabalha para comprar livros de conteúdo para não serem utilizados” ou
estudantes que se preocupam e cobram o conteúdo pois caso contrário a prova vai
ficara incompleta... esquecemos do principal! (pensar, dialogar, sentir.)
Justo, saudável, responsável, prazeroso, profundidade, reflexão... isso é slow.
Site sobre o movimento slow food no Brasil - www.slowfoodbrasil.com.br
Campanha contra o fast jornalismo. - http://www.hypeness.com.br/?s=pobreza+e+midia
Na foto "a casa do Bob" comida e vida mais slow (EUA)