Brasil é um Estado que não é nação, dizia
Renato Russo. Mas o que isso quer dizer? Na busca de “descobrir” que país é
esse, o Renato faz uma afirmação interessante. Segundo ele, o nosso país era
sobretudo território. (Tal qual foi durante todo nosso longo período colonial).
Nação é ir além de terra. Nação é o conjunto de símbolos, cidadãos e
sentimentos.
Justamente essa ideia de nação é o que devemos problematizar. O que nos
une é o sentimento de pertencimento, que é impulsionado através de símbolos,
cores, bandeiras, hinos e histórias. Mas como unir-se a história que ignora o
processo da conjuração baiana (onde escravos buscavam além da abolição da
escravatura, a independência do país), mas faz questão de eternizar o momento
em que o filho bundão do rei, diz que vai ser o novo rei do país. (Grito da
independência).
Nossa independência já dava sinal que iriamos
esquecer a história dos humildes, trabalhadores, escravos... e iriamos
eternizar, de uma forma ‘glamourosa’ os a contecimentos de uma elite. Nossa
independência começa com um nepotismo (de pai pra filho), com uma mentira (como
no quadro que simula uma batalha, cavalos e uniformes...) enquanto de fato Dom
Pedro I se movia com mulas e estava com uma forte diarreia. Também corrupção,
já que nós tivemos que pagar uma quantia considerável para Portugal em troca da
autorização (sim, teve isso) para a nossa independência.
Após a “independência”, mantivemos a
escravidão, não tornamo-nos uma república (diferente da independência dos EUA,
Haiti, América Espanhola e etc, etc...) Brasil manteve-se como monarquia.
Ninguém votava! Nossa bandeira foi tirada do brasão da família real (que
governou o Brasil por 400 anos, dos 517). Sim, uma família (orleans e Bragança)
nos “governou” de 1500 até 1889, quando proclamamos a república. De lá pra cá
tivemos Dom Manuel, Dom João, Dom Pedro I, Dom Pedro II... Mas isso já é outra
história.
Por fim, não fica aqui um pensamento de
vergonha da nossa história ou algo assim. Mas a reflexão para que
problematizemos o nosso passado, e principalmente o nosso presente. Que nos
orgulhemos de movimentos como a Conjuração baiana e, percebamos que as
personagens históricas que devem ser lembradas nesse dia somos nós. Nós, que
devemos ser não só atores, mas principalmente autores da nossa própria
história. Que possamos ter respeito e orgulho por todos e todas aquel@s que
lutaram e lutam por transformar o Brasil em um país mais justo, digno,
igualitário e fraterno.
* Na imagem, Rafael Braga, para vermos como a história continua esquecendo alguns e lembrando outros. Negros, pobres e periféricos, continuam não tendo espaço de protagonismo...mas lutando por liberdade!