segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre Fé, pessoas e 27.

     


Para mim, que não sigo nenhuma religião nem creio em Deus,  a fé é algo bastante singular mas não menos importante.Eu tenho fé no homem. Digo homem não em gênero, mas enquanto ser humano. Fé no poder transformador destes sujeitos biopsicosociais. 

Desta forma, como se pode imaginar, vivo algo meio politeísta e em contato diário com esses seres divinos.Porém sagrado mesmo são quando estas pessoas através de atitudes atingem os pequenos milagres do cotidiano.

Essa semana para minha felicidade e reforçar minha crença, testemunhei alguns.Não irei narra-los porque não pretendo converter ninguém a seguir a minha "religião". Sendo assim, ao invés de buscar a catequese contando as cenas,  apenas deixo a sugestão de estar atento. Olhos e peito abertos. 

Nos versos da Luiza Romão, no barulho dos ages and ages, nas pegadas do Tim Tim... a semana foi de descobertas.Talvez antes do retiro já tenha tido o material para a reflexão que mais queria.  O sinal tocar não significa que temos que parar.

Como alguém me pediu sussurrando no início da semana, "pensa em nós". Pode ter certeza, nosso segredo: pensarei em todos os seres celestiais que estão por aí me ajudando a crer, mesmo sem saberem. 

Ao invés de uma palavra ritualista, minha oração termina com um obrigado. Menos ascento e a religião seria melhor.  Trocar o amém para o amem. 


Meu aniversário é semana que vem, mas já ganhei uma boa hidratação no olhar como presentes essa semana. Certamente me ajuda a enxergar de forma mais límpida. 

     Embora historiador, não gosto de datas. Talvez justamente por isso não goste! Mas na real, nunca gostei. Sempre as troquei, confundo, esqueço....  provável que estudar história tenha me feito é entender um pouco mais o porque não simpatizo com elas. O que importa é o processo! Gravamos que 22 de abril foi a descoberta do Brasil. (Mas “descoberta”? e o europeu só chegou aqui em 1500? Que nada. E aqui era já o Brasil? Hã!) Mas ao invés de pensar sobre todas as implicações, muitas vezes ficávamos parados no ato de gravar 22 de abril de 1500. 

13 de maio e abolição da escravidão? Mas por que? Bondade da princesa Isabel? Todos aboliram juntos? E o que os escravos fizeram? Relação revolta da vacina, periferia, atualidade, cotas? Não, não, 13 de maio de 1888.

      7 de setembro de 1822 e a independência! Mas o país se tornou independente de quem? Dom Pedro I ficou independente do pai... e Portugal ficou sabendo no mesmo dia da nossa independência deles? Sem briga, assim, de boa? Pra ser no mesmo dia deve ter avisado pelo whats... Ao invés de discutir o que (não)mudou ou então quando nos tornamos independente de fato, lembremos do 7 de setembro de 1822. Não vou falar aqui da proclamação da república de 15 de novembro de 1889 e da população assistindo a tudo bestializada... Paremos! Datas são só datas. Geralmente nem conferem ou praticamente nada tem de relevância no processo.

         Mas isso tudo pra chegar a reflexão que meu aniversário chegou! 27 anos. Caralho! E quando eu me imaginava um tio de 27 anos de pasta, trabalhando em algo chato, sendo pai, tendo uma esposa e fazendo tudo de forma séria? É tão estranho ir ficando velho e ainda dançando a música do caminhão do gás até meu pai ficar bravo. Contar piadas para meu cachorro e morrer rindo quando ele não entende. Ainda ter medo de se perder, tomar vacina, entrar em hospital e prova de matemática. Ainda fingir ser um guitarrista de uma banda de rock no quarto escuro, passar trote, criar planos durante uma semana inteira pra ver que é surreal dominar o mundo...  Ter um quarto cheio de bob esponjas, adorar assistir desenhos animados, brincar com irmã, primos, amigos e até sozinho.

     Fingir no transito que está em uma corrida, chorar no colo da mãe, sentir dor no polegar de tanto jogar vídeo game, se quebrar no skate, futebol, se afogar pegando onda... Tocar lepo lepo no presidio, dançar funk na sala de aula, falar palavrão e ficar medo de ser punido por isso...

Ter 27 anos é ter que fingir mais. 

* Na foto, a festa surpresa desse ano. (sim eles são demais e sim, eles acham que fiz 7 anos) Ótimo estar com meus familiares e amigos. Só depois que percebi que não tirei foto com eles. O que me deixa mais feliz ainda. Estão todos gravados em mim, não na câmera. (tirar foto é gravar o passado pra ver no futuro ao invés de viver o presente) 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Quando a vida imita a arte!

     


    Lembro-me de quando estava no terceiro ano do E.M e de pensar em algumas coisas além de música. Os atributos físicos da minha professora de literatura forçavam-me a prestar atenção na aula e perceber o quão interessante era também a parte abstrata do que se apresentava para mim semanalmente. Lia os clássicos da literatura brasileira com prazer. Lembro-me de ter curtido absurdamente os contos do Machado (em especial o Alienista, um dos mus favoritos até hoje). (Alienista ou alienado? De que lado você está?) Mas foi o Memória póstumas de Bras Cubas que foi impactante e me auxiliou na decisão de fazer história.


     Ficava me imaginando no Brasil do século XIX. Imaginar, viajar, parecia tão fascinante e a história me proporcionaria fazer de forma remunerada o que já fazia o tempo todo. Nessa mesma época lembro-me de ter assistido na linha do tempo. Naquele tempo as locadoras ainda tinham movimento. Lembro-me de na capa do dvd fazer referência ao coração valente, que já tinha gostado bastante no tempo ainda do ensino fundamental. (fiquei uma semana inteira sem aula, só dendo o filme! Melhor semana de aula do fundamental). O fato de ir para o futuro e, sobretudo voltar ao passado me deixou fascinado. O desejo foi se tornando mais real. Por fim, nessa época eu ouvia tudo o que o Raul Seixas me dizia e assisti pela primeira vez um dvd contando a vida do Bob Marley que analisava suas letras e tratava do engajamento em questões sociais. (lembro de dançar no quarto com o violão e ensaiar discursos)

Pronto! A história me deixaria viajar (nos dois sentidos), me permitiria o contato com a arte, me incentivaria a conhecer e transformar a sociedade que eu estava inserido. Claro que outras questões foram importantes na tomada de decisão, mas o filme, o livro, as músicas foram decisivos.

Na época da faculdade lembro-me de ter lido Utopia, assistido Lutero, pro dia nascer feliz e descoberto mais profundamente a vida e a MPB. (lembro-me da sensação de comprar o vinil da tropicália) Mais uma vez fui transformado por estes aspectos artísticos e minha vida tomou um novo rumo. Não a toa minha pesquisa final foi sobre a relação da MPB com a cultura e identidade nacional, buscando através das analises das letras das canções, uma transformação da educação de nosso país. Fui para a pós-graduação em História e Comunicação Brasileira, com ênfase em estudar mais afundo a relação da musica com a nossa identidade.

Após isso, me dediquei a ler mais atentamente as veias abertas da América latina, do Galeano. Na mesma época assisti o diário de motocicleta e fui atrás do diário do Che. Into the wild, on the road foram alguns livros dessa época. Ramil passou a me fazer cia também. Preciso viajar, conhecer outra realidade e vivenciar de fato o que é ser latino!!!! Fui parar fazendo mestrado no Uruguai. (correrias latinas)

Nessa época fui buscando mais o Foucault, o contato com os ditos excluídos dos excluídos, as mazelas, me deparei com o sistema carcerário. É isso! Minha pesquisa de mestrado, meu empenho e energia desde então.

Claro que ao longo de tudo isso, muitos livros, filmes e músicas foram importantes para mim. Estes, porém foram os que puxaram os demais. Estes foram os que fizeram eu conhecer ou despertaram alguma coisa que os demais (muitas vezes melhores, mais importantes e significativos no meu ponto de vista) puderem contribuir e me incentivar ainda mais que os primeiros.

Atualmente, pretendo terminar o mestrado e colocar meus novos planos em prática! Filme, livro e música já tem! Dessa vez a dose de romance e aventura é ainda maior. Mas por hora, ainda me é meio suspense. As vezes penso nele como um final feliz de comédia, outras me bate uma insegurança e medo de terror. Mas preciso tirá-lo de ser ficção. Em breve nos cinemas ou na minha vida. Pela frente, me retiro uma semana pra definir o roteiro.  

* Na foto, a vida e a arte. A vida que vira arte ou a arte de viver. Vivarte: Eu, a Janis, a Vick e a Black.