terça-feira, 7 de julho de 2015

Quando a vida imita a arte!

     


    Lembro-me de quando estava no terceiro ano do E.M e de pensar em algumas coisas além de música. Os atributos físicos da minha professora de literatura forçavam-me a prestar atenção na aula e perceber o quão interessante era também a parte abstrata do que se apresentava para mim semanalmente. Lia os clássicos da literatura brasileira com prazer. Lembro-me de ter curtido absurdamente os contos do Machado (em especial o Alienista, um dos mus favoritos até hoje). (Alienista ou alienado? De que lado você está?) Mas foi o Memória póstumas de Bras Cubas que foi impactante e me auxiliou na decisão de fazer história.


     Ficava me imaginando no Brasil do século XIX. Imaginar, viajar, parecia tão fascinante e a história me proporcionaria fazer de forma remunerada o que já fazia o tempo todo. Nessa mesma época lembro-me de ter assistido na linha do tempo. Naquele tempo as locadoras ainda tinham movimento. Lembro-me de na capa do dvd fazer referência ao coração valente, que já tinha gostado bastante no tempo ainda do ensino fundamental. (fiquei uma semana inteira sem aula, só dendo o filme! Melhor semana de aula do fundamental). O fato de ir para o futuro e, sobretudo voltar ao passado me deixou fascinado. O desejo foi se tornando mais real. Por fim, nessa época eu ouvia tudo o que o Raul Seixas me dizia e assisti pela primeira vez um dvd contando a vida do Bob Marley que analisava suas letras e tratava do engajamento em questões sociais. (lembro de dançar no quarto com o violão e ensaiar discursos)

Pronto! A história me deixaria viajar (nos dois sentidos), me permitiria o contato com a arte, me incentivaria a conhecer e transformar a sociedade que eu estava inserido. Claro que outras questões foram importantes na tomada de decisão, mas o filme, o livro, as músicas foram decisivos.

Na época da faculdade lembro-me de ter lido Utopia, assistido Lutero, pro dia nascer feliz e descoberto mais profundamente a vida e a MPB. (lembro-me da sensação de comprar o vinil da tropicália) Mais uma vez fui transformado por estes aspectos artísticos e minha vida tomou um novo rumo. Não a toa minha pesquisa final foi sobre a relação da MPB com a cultura e identidade nacional, buscando através das analises das letras das canções, uma transformação da educação de nosso país. Fui para a pós-graduação em História e Comunicação Brasileira, com ênfase em estudar mais afundo a relação da musica com a nossa identidade.

Após isso, me dediquei a ler mais atentamente as veias abertas da América latina, do Galeano. Na mesma época assisti o diário de motocicleta e fui atrás do diário do Che. Into the wild, on the road foram alguns livros dessa época. Ramil passou a me fazer cia também. Preciso viajar, conhecer outra realidade e vivenciar de fato o que é ser latino!!!! Fui parar fazendo mestrado no Uruguai. (correrias latinas)

Nessa época fui buscando mais o Foucault, o contato com os ditos excluídos dos excluídos, as mazelas, me deparei com o sistema carcerário. É isso! Minha pesquisa de mestrado, meu empenho e energia desde então.

Claro que ao longo de tudo isso, muitos livros, filmes e músicas foram importantes para mim. Estes, porém foram os que puxaram os demais. Estes foram os que fizeram eu conhecer ou despertaram alguma coisa que os demais (muitas vezes melhores, mais importantes e significativos no meu ponto de vista) puderem contribuir e me incentivar ainda mais que os primeiros.

Atualmente, pretendo terminar o mestrado e colocar meus novos planos em prática! Filme, livro e música já tem! Dessa vez a dose de romance e aventura é ainda maior. Mas por hora, ainda me é meio suspense. As vezes penso nele como um final feliz de comédia, outras me bate uma insegurança e medo de terror. Mas preciso tirá-lo de ser ficção. Em breve nos cinemas ou na minha vida. Pela frente, me retiro uma semana pra definir o roteiro.  

* Na foto, a vida e a arte. A vida que vira arte ou a arte de viver. Vivarte: Eu, a Janis, a Vick e a Black.  

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