quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Resultado de imagem para paraolimpíadas 2016


     Desculpe o transtorno, mas preciso falar de coisas boas. Peço perdão porque sei que o que nós humanos mais gostamos é de poder falar mal, reclamar e maldizer. Seja qual for o assunto, ele rende muito mais tempo e audiência quando é mais trágico do que positivo. Política? Ninguém presta, são todos corruptos, vamos falar das promessas não cumpridas, das suas falas erradas, ofensas e etc. Não há um único político que tenha feito ao menos uma ação positiva, parece. (se houver, citamos rapidamente para não perdermos tempo com coisas boas).

     Esse trimestre em uma turma pedi como trabalho um momento de inspiração política. (afim de pensarmos a política a partir de outro viés.) Curioso pela pesquisa que os estudantes teriam que fazer para além do senso comum, destacar propostas e ações positivas, fui decepciona com momentos de ditadura!(tanto de direita quanto esquerda) E ao questionar os estudantes o que eles tinham destacado de positivo, me respondiam que não era nada positivo, mas também não era tão ruim. Ou seja, parece mesmo que a questão está mais enraizada do que se pensa.

     Não é a toa que assunto que mais desperta interesse em sala de aula são os horrores do holocausto. Quanto mais falar das torturas do nazismo, mais interessados os estudantes se colocam. Aquele mesmo interesse sombrio que faz as pessoas pararem nas estradas para verem acidentes mas não para tirar fotos com arvores floridas. Nos whats apps circulam mais fotos de violência do que de pequenas belezas do cotidiano. A mídia explora muito mais assassinatos, estupros e crises do que gentilezas, boas ações, e atitudes positivas. Qual foi a última capa de jornal trazendo algo de melhoria? Será que não há coisas belas a se mostrar? No máximo aquelas reportagens curtas que pensamos ser brega por trazer algum exemplo positivo.

Se o assunto é relacionamento, prepare-se para a lista de reclamações dos parceiros(as). Também destacam-se o negativo de se estar com alguém ou então sem ninguém.

     O mesmo ocorre no discurso de que não há filme brasileiro que preste! Não há mais músicas boas como antigamente. Hoje a arte e cultura brasileira é descartável. Aliás, o Brasil mostra que o mundo nunca teve tão violento, intolerante e preconceituoso! Será mesmo? Esses discursos negativos do senso comum talvez mostrem que se você vê tudo assim, certamente o problema está em você! Apenas está externando o que está aí dentro!

     Deixe seu pessimismo para momentos melhores. Afinal, o mundo está piorando cada vez menos. Basta olhar, pensar e comparar. Mas tem que abandonar o ranço daquele que reclama mas não faz nada. Que tal se propor a falar mais do que está bom do que o que está mal a partir de hoje? Comece elogiando algo. Para quem possa achar que é alienação, digo: Alienação é não fazer e só falar. E poucas coisas são tão poderosas para a transformação quanto um elogio. Difícil?

Deixe abaixo um texto do Gregório Duvivier que versa sobre isso. Porque muita gente só conheceu ele pelo texto que para muitos é apenas uma jogada de marketing. (vale a leitura)




* Na fotografia uma imagem que representa um assunto que deveria ser mais tratado. Mas por que a mídia não troca um pouco as noticias negativas pra mostrar paraolimpiada mesmo? interesses...


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Não persiga a felicidade! (isso pode deixar você não percebe-la)




Levo muito a sério os sonhos. Os meus e os dos outros. Falo sobre aqueles sonhos que temos acordados. Gosto de saber o que as pessoas sonham. É quase um “diz qual teu sonho que te direi quem és”.

Certo dia entrei pra uma aula e notei no fundo da sala um quadro com os sonhos dos meus estudantes. Adorei e corri para ler atentamente cada um. Para minha surpresa e certa decepção, a grande maioria tinha como sonho "ser feliz".

Não deveria ter me sentido assim. (surpreso). Explico: Que sonho das pessoas é ser feliz eu já deveria saber. Pesquisas, falas, entrevistas, comentários, atitudes (consumo, hipocrisia, violência, intolerância...) tudo isso demonstra que o que as pessoas mais perseguem hoje é a felicidade. E ai está a minha decepção.

Felicidade não é algo que se persegue, é algo que se tropeça.

Sem dúvidas que vivemos em um tempo onde a moda é a obrigação de ter que ser feliz. Quase como se fossemos os românticos do XIX ao contrário. E não estamos percebendo o quanto isso nos faz mal e nos impede de sonhar.

Isso de querer ser feliz é uma fabricação. Uma imposição econômica, politica e cultural que acaba por se tornar uma mentalidade fortemente marcante na sociedade moderna ocidental.
Não existe, tanto no ponto de vista teórico quanto prático uma lógica em que a felicidade é um ponto final. Algo que se consegue a partir de um esforço, como recompensa ou resultado de uma vida de trabalho, estudo ou sei lá... para se chegar ao final de tudo na felicidade. Definitivamente não é assim.
Felicidade é aquilo que acontece enquanto estamos distraído. Como diria um cantor brasileiro brega, o que existe na vida são momentos felizes. E se estamos preocupados em passar trabalho para alcançar a felicidade, ela passa e nós não notamos.

Muitos teóricos, filósofos, psicólogos , artistas se dedicam até hoje a pensar a felicidade. Mas ela é de sentir, não de pensar.  Fico com dois. Ou melhor, pego emprestado referências em dois pensadores para explicar o que é felicidade para mim.

1)      Epicuro, filósofo grego antigo. Felicidade é a ausência de dor (física e espiritual). Pra não sentir dor é necessário não ter desejo sem ser realizado, Logo, poucos desejos, vida simples é o mais próximo da felicidade.

2)      Fernando Pessoa, escritor português moderno, em um dos seus heterônimo diz que pode não ser nada, mas guarda dentro deles todos os sonhos do mundo. Ou seja, muitos sonhos (que não devem ser confundidos com desejos) mas que podem ser relacionados contraditoriamente a felicidade do Epicuro.


3)      Entre simplicidade e sonhos, buscando a ausência da dor física e espiritual, vou tropeçando na felicidade. As vezes ela está mais nítida, outras vezes mais embaçada. Em alguns momentos deixo de enxerga-la, mas logo exercito meu olhar em busca-la. Tem momentos que me afogo nela. Outros chego a sentir sede. Penso que é assim. Faz parte da vida e nossas escolhas e nossos sonhos são fundamentais. A felicidade depende da forma que olhamos pra eles. Não devem ser o produto final.




 * Na fotografia, minha afilhada seguindo seu caminho. Espero que não pensando em encontrar a felicidade no fim dele, mas topando com ela em meio as suas pegadas.