terça-feira, 21 de março de 2017

Você tem Medo de que?

     


     Talvez o medo seja o mais maléfico dos sentimentos. Ele é pai do preconceito e intolerância. Ele nos paralisa e evita a mudança. Atrasa o novo,  cala a alegria, nega a harmonia em função de uma falsa paz. É terreno propício para a violência, fomenta a dor e impede que as coisas aconteçam. 

     Seja olhando para a história mundial ou brasileira podemos facilmente identificar o medo como principal elemento dos contextos mais horríveis da humanidade. O medo fez surgir os regimes mais ditatoriais e sanguinários. O mesmo medo fez eles persistirem no poder. O medo nos levou as nossas ditaduras brasileiras. O medo do desconhecido, do diferente... que podia ser o "comunismo", a reforma agrária, o liberalismo, a globalização... interessante que o medo nos colocou sempre numa situação pior do que ele nos avisava. 

     O cuidado não é medo. Ele é necessário para uma segurança maior. Tô falando do medo que beira a paranóia, que nos afasta do racional. E isso é o que ocorre também dentro de cada um de nós. O que já deixou de fazer por medo?  Tua vida é o que sobrou, do que não fez por medo? 

     Medo de expressar aquela opinião?  Medo do que os outros vão pensar? Medo de estar errado? Medo de não conseguir?  Medo daquele relacionamento?  Medo de decepcionar?  E assim tu não fala, não faz,  não vai, não vive. 

O medo é vencido quando se enfrenta. Vai! Perca o seu medo da chuva... 

     Vejo medo entre os meus compatriotas (o que aumenta a crise, para o país, gera mais insegurança no estado e menos vida na cidade) vejo medo entre meus vizinhos (o que gera menos chimarrao na calçada, cumprimentos no corredor ou conversas no elevador) vejo medo entre meus colegas (o que gera menos inovações, mais disputa e menos harmonia), vejo medo entre meus estudantes (o que que gera pressão, ansiedade, choro e cursinho no próximo ano), vejo medo nela (o que não se gerar), vejo medo nos amigos (o que não os faz expressar), vejo medo em mim (o que me faz escrever).

O medo faz a gente construir os muros... em todos os sentidos!    sejamos menos Trump. 

quarta-feira, 1 de março de 2017

Manchester a beira mar ou resistência, olhar para dentro, ela e estrelas.


Manchester a beira mar é um filme que merece ser visto. 

     Não digo pela repercussão que teve enquanto indicado ao oscar, mas pela repercussão que ele pode ter dentro de você. Cada vez mais distancio o oscar do cinema. Enquanto o segundo merece todo meu respeito o primeiro só se mostra uma indústria brega fechada nela mesma. Sem dúvida que ele da uma visibilidade maior para bons filmes e ainda faz com que possamos ver atrizes espetaculares junto com caras vestidos todos iguais. (E eu juro que isso me incomoda hehe. Sou muito mais de uma Emma Stone ou Jennifer aiston de vestidinho, saia hippie ou calça jeans do que com aquelas produções toda. Da mesma forma que não entendo por que os homens têm que se vestir todos iguais pra essas festas formais. Coisa sem graça). Mas convenhamos que as mulheres se vestem do jeito que quiserem. E que eu não devo ter moral nenhuma pra falar de roupas. Então, voltamos...

     Manchester é um filme tenso. triste.Carregado. Pesado. E ele é assim ao longo das quase duas horas. Não há um momento de tristeza mas é aquele tom (o melhor do filme) que vai nos transportando para um clima de vida que parece mais de rua do que de tela. A simplicidade de pequenas coisas que nos mostram a grandeza de se levar a vida complexa que cada um de nós carrega. Um filme que nos faz pensar sobre o que cada um carrega dentro de si. As amarguras e as delícias. 

A história nos faz entender que a vida é mais uma prova de resistência do que de velocidade. Também dá pra refletir sobre o tempo de cada um. O tempo é soberano. Ele é juiz. Mas é claro que podemos advogar a nosso favor. Pena que muit@s não tentam.  

     Traz ainda a questão de culpa. A qual prefiro utilizar conceito de responsabilidades. E dividir com outras pessoas, causas,  oportunidades, sortes e acasos. Não creio na física de causa e efeito. Tão pouco na religião de causa e efeito. Pra mim, tudo é mais complexo e processo. Muito mais plural que singular. 

Por fim, da pra pensar sobre a valorização. O encontrar a tua âncora mas também o teu vento. O que te faz andar. Respeitar a vida e teus sentimentos. 

E se no meio de tantas estrelas ele só enxerga a que não brilha por ele? 
Olha pra dentro,  olha para os lados... El@s sempre estarão ali.
A partir de agora a responsabilidade não é mais sua.