terça-feira, 2 de junho de 2015

Reformas, construções, Cunhas, Blatters, Patricias e Évretons


Sentei para escrever sobre a redução da maioridade penal, proposta de derrubar a lei do desarmamento, críticas ao “mundo do futebol”... Temas que cada vez mais me convenço, é difícil trabalhar em uma sociedade que quanto menos sabe mais fala com intolerância da verdade absoluta.

Essas questões de violência estão fortemente ligadas ao conceito de intolerância que é alimentado pela velocidade das redes sociais. O bom é que o povo tem voz. O ruim é que não tem argumentos. Acabam sendo apenas caixa de som que amplificam uma mesma voz.

Mas eis que as besteiras que o presidente da câmara Eduardo Cunha tenta colocar aceleradamente para votação, os problemas de violência, a alienação útil da (falta de) educação, autonomia de jovens (amplificadores), e esses mesmos temas sendo escancarados no mundo do futebol.... no meio de tudo isso escuto uma canção! Ela me faz esquecer tudo e me leva para a rambla de Montevidéu.

Em uma noite drogada,  no centro de Montevidéu, estava eu em uma festa numa casa abandonada. Fui com uns caras que conheci horas antes num albergue. Teria um show,  os músicos eram esses meus mais novos amigos. Um argentino, dois uruguaios, compomos algo de tarde,  antes de pegarmos um ônibus pro show.

Lá cerveja de litro,  papos a kilo e gurias a metro.  Era um banquete e eu ali com fome de novidades.  Teve apresentação de violino, filme preto e branco e o resto foi tudo colorido. 
No outro dia acordo pro café (da tarde) com a notícia de que teria show de brasileiros.  (Era a galera do olodum). Meu colega baiano queria ver o que era ser baiano. Eu queria saber ser brasileiro. Com uma loira de SC fomos pra parada tentar descobrir qual o ônibus iria pro lugar do show que não sabíamos onde seria.

Encontrei uma argentina, meio hippie, gostei. Descobri que era musicista e tocava na orquestra da cidade do Che Guevara.  Conversamos até o fim do show.  Na volta, por ser brasileiro, carona na van do olodum. 

Segunda feira tem aula. Discutir política, educação, brincar de corrida de caranguejo no corredor e comer no chinês que é mais barato. Pra de noite sobrar grana pra pizza com ceva, onde o garçom discute sociedade com mais argumentos que o professor e a garçonete encanta mesmo em silêncio. 

Era no bar que recebia sanduíche da brasileira aposentada que queria  conhecer o mundo e alimentar melhor o estudante sonhador. Entre um gole e outro, mais um trabalho feito.  Artigos lidos e dia finito. 

Bah que saudade da minha rotina Uruguaia do mestrado!
Mas acorda Ralph, aqui estamos preocupados com o futebol, então vamos tuitar algo do meu time contra os adversários e enquanto a grana rola entre eles, a intolerância e a violência entre nós  eu grito gol! Algum Blatter sempre estará lá a olhar por nós! ( rir de nós). Pro professor digo que não li porque não lembrei, mas discuti política com um pai. Temos que tirar a Dilma e 16 anos pode votar, tem que ser preso então!!! e temos que ter nossa arma em casa, afinal ta tudo muito violento. (aqui ainda posso ser irônico). Afinal a culpa é da Dilma, do professor e do pessoal da periferia.  

“.Acabei de receber uma promoção, vou virar mestre de obras. Terei uma obra só minha em Canoas. Dedico ela a ti pois teus pensamentos mudaram os meus”. Recebi ontem antes de dormir essa mensagem de um ex estudante do EJA. Por mais saudade de Montevidéu, talvez  aqui a educação possa construir um novo país.. Se tivermos mais pedreiros, assim!!!!! Afinal mudar de lugar é fácil, mas mudar o lugar... Melhor é abrir uma Patricia, responder a hippie e seguir a construção.

Não sei dizer eu amo vocês, então torço que as atitudes sejam entendidas. (as vezes precisamos uns "nãos")





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