Sentei para escrever
sobre a redução da maioridade penal, proposta de derrubar a lei do desarmamento,
críticas ao “mundo do futebol”... Temas que cada vez mais me convenço, é difícil
trabalhar em uma sociedade que quanto menos sabe mais fala com intolerância da
verdade absoluta.
Essas questões de violência
estão fortemente ligadas ao conceito de intolerância que é alimentado pela
velocidade das redes sociais. O bom é que o povo tem voz. O ruim é que não tem argumentos.
Acabam sendo apenas caixa de som que amplificam uma mesma voz.
Mas eis que as besteiras
que o presidente da câmara Eduardo Cunha tenta colocar aceleradamente para
votação, os problemas de violência, a alienação útil da (falta de) educação,
autonomia de jovens (amplificadores), e esses mesmos temas sendo escancarados
no mundo do futebol.... no meio de tudo isso escuto uma canção! Ela me faz
esquecer tudo e me leva para a rambla de Montevidéu.
Em uma noite
drogada, no centro de Montevidéu, estava eu em uma festa numa casa
abandonada. Fui com uns caras que conheci horas antes num albergue. Teria um
show, os músicos eram esses meus mais novos amigos. Um argentino, dois
uruguaios, compomos algo de tarde, antes de pegarmos um ônibus pro show.
Lá cerveja de
litro, papos a kilo e gurias a metro. Era um banquete e eu ali com
fome de novidades. Teve apresentação de violino, filme preto e branco e o
resto foi tudo colorido.
No outro dia acordo pro
café (da tarde) com a notícia de que teria show de brasileiros. (Era a
galera do olodum). Meu colega baiano queria ver o que era ser baiano. Eu queria
saber ser brasileiro. Com uma loira de SC fomos pra parada tentar descobrir
qual o ônibus iria pro lugar do show que não sabíamos onde seria.
Encontrei uma argentina,
meio hippie, gostei. Descobri que era musicista e tocava na orquestra da cidade
do Che Guevara. Conversamos até o fim do show. Na volta, por ser
brasileiro, carona na van do olodum.
Segunda feira tem aula.
Discutir política, educação, brincar de corrida de caranguejo no corredor e
comer no chinês que é mais barato. Pra de noite sobrar grana pra pizza com
ceva, onde o garçom discute sociedade com mais argumentos que o professor e a
garçonete encanta mesmo em silêncio.
Era no bar que recebia
sanduíche da brasileira aposentada que queria conhecer o mundo e
alimentar melhor o estudante sonhador. Entre um gole e outro, mais um
trabalho feito. Artigos lidos e dia finito.
Bah que saudade da minha
rotina Uruguaia do mestrado!
Mas acorda Ralph, aqui estamos
preocupados com o futebol, então vamos tuitar algo do meu time contra os
adversários e enquanto a grana rola entre eles, a intolerância e a violência
entre nós eu grito gol! Algum Blatter
sempre estará lá a olhar por nós! ( rir de nós). Pro professor digo que não li
porque não lembrei, mas discuti política com um pai. Temos que tirar a Dilma e
16 anos pode votar, tem que ser preso então!!! e temos que ter nossa arma em casa,
afinal ta tudo muito violento. (aqui ainda posso ser irônico). Afinal a culpa é
da Dilma, do professor e do pessoal da periferia.
“.Acabei de receber uma
promoção, vou virar mestre de obras. Terei uma obra só minha em Canoas. Dedico
ela a ti pois teus pensamentos mudaram os meus”. Recebi ontem antes de dormir
essa mensagem de um ex estudante do EJA. Por mais saudade de Montevidéu, talvez
aqui a educação possa construir um novo
país.. Se tivermos mais pedreiros, assim!!!!! Afinal mudar de lugar é fácil,
mas mudar o lugar... Melhor é abrir uma Patricia, responder a hippie e seguir a construção.
Não sei dizer eu amo vocês, então torço que as atitudes sejam entendidas. (as vezes precisamos uns "nãos")
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