segunda-feira, 15 de junho de 2015

Tolerância



Lembro que há alguns anos eu pensei que talvez o conceito que a sociedade mais precisava era a tolerância. Nessa época eu fazia pós-graduação e pesquisava sobre música e cultura brasileira. Trabalhava sobretudo com jovens adultos, onde compartilhava esse olhar para a arte e identidade através dos mais variados debates dentro das ciências humanas.  Porém, me questionava se o termo seria o mais apropriado, uma vez que a crítica, revolução, utopia, m pareciam muito mais uteis para nós todos.

Atualmente, trabalhando com estudantes mais jovens e pesquisando sobre educação não formal e sistema carcerário, tenho tentado compartilhar que a revolução só se alcança se passarmos por alguns estágios. A crítica é essencial mas dependendo de como é feita, se transforma em mera reclamação. A utopia é o alvo, mas precisamos dar o primeiro passo. Então é aí que volta, com força total, o termo de Tolerância.

Não só no contexto pessoal, mas na sociedade em que vivemos atualmente, talvez nunca tenha se feito mais preciso a tolerância. Na questão política partidária, nas religiões, nos esportes e em especial no futebol, nos movimentos socais...

A religião, como elemento que mais levou a mortes ao longo da história, segue não conseguindo praticar a tolerância. No contexto mundial através do Estado Islâmico e no contexto nacional através da Bancada Evangélica e seus aliados, vemos que democracia, o regime da tolerância não combina com a intolerância religiosa.

A questão não é o islamismo ou o protestantismo evangélico. Pensar assim de forma generalizada já é intolerância. Mas a interpretação que se faz, radical, nos leva sempre a intolerância. O problema é que aí até as coisas que estão em busca de um bem maior podem se contaminar. As feministas e seus direitos totais de ficarem indignadas com a sociedade que parece uma propaganda de cerveja, de tão machista. Os homossexuais e seus direitos totais de não aceitarem as medidas preconceituosas de determinadas religiões.

Mas, mais uma vez o profeta estava com a razão e a emoção. Se gentileza gera gentileza, intolerância gera intolerância. Assistindo a uma partida de futebol, fazendo um show de rock, participando de um debate acadêmico ou de uma gincana escolar, isso fica visível.
Eu quero paz com liberdade, amor sem ódio e igualdade na diferença. Isso é utopia, mas para atingirmos precisamos dar o primeiro passo. A Tolerância.

Tolerância é ouvir mais que falar, pensar mais que agir, se colocar no lugar do outro. É voltar atrás, é dar braço a torcer, perdoar, engolir. Respeitar. É diálogo, é troca, é empate. Não é o mais bonito, mas é a base. Não é minha utopia. Mas é o primeiro passo.

Aprender, praticar, compartilhar. 

Um comentário:

  1. "Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade, merecemos ler as letras e as palavras de gentileza (ou tolerância?).." <3
    Parabéns pelo blog e pelos textos, sor! Beijos

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