Não
sou da turma que ao saber que há filme novo do woddy Allen já o classifica como
genial. Também não estou no grupo dos
que correm para assistir toda nova obra do diretor/escritor. Mas confesso que após receber a in(dica)ção
de um amigo -professor de filosofia - quando soube que era do woddy Allen,
fiquei mais curioso. Comecei então esse (excelente)
feriado da independência brasileira com uma reflexão martelando. (Razão X emoção).
O
longa chama-se Homem Irracional e versa sobre um professor de filosofia, existencialista,
que chama atenção por onde passa, não só pelo seu refinado arcabouço
intelectual, mas também pelas suas opiniões e atitudes pouco habituais. Ao
longo da história, razão, alunas, filosofia, sexo, reflexão, instintos, traição, moral, humor e drama vão se misturando. Um equilíbrio sadio.
O final surpreende, ao menos na sessão que
eu estava. (tanto pelos “aaah” quanto pelos comentários na saída). E nos deixa
pensando sobre esse eterno dilema do homem. (racional x irracional) Reflexão que não saia de minha cabeça ao longo dos outros, filmes, ensaio, festa e conversas do feriadão.
Em especial, já que estamos no finde
pátrio, lembro do conceito de homem cordial, dado ao brasileiro pelo célebre
pai do Chico e da história brasileira,
Sérgio Buarque de Holanda. Cordial vem de coração. Em última instância, de emoção. Brasileiro, o homem que segue seus instintos,
age pela emoção em detrimento da razão?
Diferente da frieza alemã, da
racionalidade francesa ou de vários adjetivos mais intelectuais que podemos dar
aos do velho mundo, nós aqui dos trópicos, somos todos coração? Vale lembrar
que estudos recentes apontam que a mesma área do cérebro que cuida do amor,
cuida do ódio.
Brasileiro (se me permitem essa
generalização )age pouco pelo racional. Aquilo que desde a pré história vem nos
diferenciando dos demais animais. Em
discussões como maioridade penal, ao invés de ler, entender, ouvir especialistas, nos bastam argumentos que pingam emoção e que
geralmente são dados aos berros e com o exemplo de sua mãe no meio. Cito o
problema carcerário mas vale para temas de drogas, cotas, política, religião ou qualquer assunto que se possa
considerar "polêmico" de alguma forma.
Preconceito e intolerância vem em grande
parte da falta de conhecimento, de reflexão sobre informações, falta de racionalidade. Não, não quero que nos tornemos mecânicos, frios
ou intelectuais existencialistas, mas
enquanto o país for campeão no número de linchamento, passar o trem por
cima, jogar o carro no dilúvio e
aplaudir o Datena, continuaremos sem a
real independência.
Em 1922, não por acaso um século após a
independência do Brasil de Portugal, os modernistas diziam que tínhamos somente
independência política e não cultural.
Pois digo, enquanto não tivermos
uma mudança no jeitinho "cordial" de ser, não deixaremos nossa dependência.
* Na
foto, por respeito e pesar por todos "Aylans", coloco algo diferente. As crianças,
imigrantes, refugiados, merecem mais. Em breve escreverei sobre as complexidades
do tema, que por sinal até a Angeline Jolie (que escreveu pro times falando
sobre as diferenças entre refugiados da miséria e de guerra) já tentou
explicar, mas ninguém busca entender. Ficamos
com a Emma Stone que esta absurdamente linda no filme.
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