terça-feira, 4 de agosto de 2015

Espelhos, humanos e revoluções

                      

Aproveitando que no post anterior falei sobre minha fé no ser humano, na minha crença na humanidade e no meu otimismo de que as coisas estão piorando cada vez menos, me permito a questionar e criticar algumas questões da nossa raça.

O ser humano desde seu surgimento lá na distante “pré-história” (conceito que guarda a visão conservadora e tradicional do paradigma positivista que pensa a história como sendo possível através da escrita e de documentos oficiais para comprovar os grandes fatos) possui comportamento e relações de poder que interferem nas suas decisões e organizações em sociedade.

Saindo da África arqueológica e entrando nos pós-neolítico e idade dos metais, já com a prática da agricultura e organizações sociais mais desenvolvidas no aspecto de governo, economia, religião e legislação, o ser humano passa a ser cada vez mais homem e menos bicho. Sobretudo no sentido de guiar-se cada vez mais pela cultura e menos pelos seus instintos. Passamos a fingir e consequentemente criamos a sociedade. Inventamos leis, regras, certo e errado, moral, educação, deuses, explicações e dai para frente vivemos uma constante transformação.

Desde a teocracia, o politeísmo mitológico e a agricultura sustentada ainda por escravos, passando pelos senhores feudais e igreja católica, reis, ciência e burgueses, até os presidentes e a mídia fomos vivenciando diferentes formas de organização social e relações de poder.

Em cada época temos uma construção de mentalidade que está associada a algum organismo que era legitimado através da população nesta relação de poderes. Todo período guarda então uma série de regras, normas, leis, certos e errados. Como consequência temos as desigualdades econômicas, sociais, os excluídos e preconceitos.  Temos também junto a isso as tentativas de mudanças e revoluções.

Seja o rei para ficar no lugar do ser mais forte, a igreja para ficar no lugar do politeísmo, o rei pra mandar nos senhores feudais, a ciência para derrubar o rei, o burguês para controlar a economia, o presidente para comandar a nação e quem para comandar tudo isso, hoje?

Para além da questão midiática que está associada intrinsicamente nesse processo contemporâneo como elemento de construção de uma percepção da realidade e das grandes empresas associadas aos sistemas de governo, temos o ser humano. Mais do que nunca temos a oportunidade de interferir na história.

Vivemos um momento que com algumas ressalvas, o poder esta compartilhado e disseminado entre todos. Seja na política democrática cada vez com mais espaços para participação efetiva, seja pela economia alternativa cada vez mais presente, através do pequeno produtor/comerciário ou através das redes da internet, seja na arte onde agora não dependemos mais das grandes gravadoras e qualquer pessoa pode gravar seu cd em casa e divulgar pela internet. Podemos ser jornalistas de facebook e compartilhar nossas próprias noticias ou visões sobre elas, escrever nossos livros virtuais... Enfim! O poder esta conosco.

A questão é: Quais as implicações disso? A primeira coisa que penso é na relação entre liberdade e responsabilidade. Defendo a escada do 1) responsabilidade. 2) autonomia. 3) liberdade. Afinal, como diria Renato Russo, liberdade é disciplina.

Isso implica e reconhecer que não temos mais um (único) polo de poder que deve ser questionado, derrubado... não há o rei, a igreja, a ideologia.... a revolução terá que ser dentro de cada um de nós!

Esse momento paradoxal, marcado sobretudo com as tecnologias alimentando o empoderamento, fica a questão: De um lado auxilia o protagonismo cidadão construtor de uma nova sociedade, um mundo em rede e conectado com a transformação, de outro a fragilidade da violência e intolerância da impessoalidade.


E viva a micro revolução cotidiana.

* Imagem aleatória somente para refletir que o futuro da sociedade será o que o ser humano fizer consigo. 

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