Aproveitando
que no post anterior falei sobre minha fé no ser humano, na minha crença na
humanidade e no meu otimismo de que as coisas estão piorando cada vez menos, me
permito a questionar e criticar algumas questões da nossa raça.
O
ser humano desde seu surgimento lá na distante “pré-história” (conceito que
guarda a visão conservadora e tradicional do paradigma positivista que pensa a
história como sendo possível através da escrita e de documentos oficiais para
comprovar os grandes fatos) possui comportamento e relações de poder que
interferem nas suas decisões e organizações em sociedade.
Saindo
da África arqueológica e entrando nos pós-neolítico e idade dos metais, já com
a prática da agricultura e organizações sociais mais desenvolvidas no aspecto
de governo, economia, religião e legislação, o ser humano passa a ser cada vez
mais homem e menos bicho. Sobretudo no sentido de guiar-se cada vez mais pela
cultura e menos pelos seus instintos. Passamos a fingir e consequentemente
criamos a sociedade. Inventamos leis, regras, certo e errado, moral, educação,
deuses, explicações e dai para frente vivemos uma constante transformação.
Desde
a teocracia, o politeísmo mitológico e a agricultura sustentada ainda por
escravos, passando pelos senhores feudais e igreja católica, reis, ciência e
burgueses, até os presidentes e a mídia fomos vivenciando diferentes formas de
organização social e relações de poder.
Em
cada época temos uma construção de mentalidade que está associada a algum
organismo que era legitimado através da população nesta relação de poderes.
Todo período guarda então uma série de regras, normas, leis, certos e errados.
Como consequência temos as desigualdades econômicas, sociais, os excluídos e
preconceitos. Temos também junto a isso
as tentativas de mudanças e revoluções.
Seja
o rei para ficar no lugar do ser mais forte, a igreja para ficar no lugar do
politeísmo, o rei pra mandar nos senhores feudais, a ciência para derrubar o
rei, o burguês para controlar a economia, o presidente para comandar a nação e
quem para comandar tudo isso, hoje?
Para
além da questão midiática que está associada intrinsicamente nesse processo
contemporâneo como elemento de construção de uma percepção da realidade e das
grandes empresas associadas aos sistemas de governo, temos o ser humano. Mais
do que nunca temos a oportunidade de interferir na história.
Vivemos
um momento que com algumas ressalvas, o poder esta compartilhado e disseminado
entre todos. Seja na política democrática cada vez com mais espaços para participação
efetiva, seja pela economia alternativa cada vez mais presente, através do
pequeno produtor/comerciário ou através das redes da internet, seja na arte
onde agora não dependemos mais das grandes gravadoras e qualquer pessoa pode
gravar seu cd em casa e divulgar pela internet. Podemos ser jornalistas de
facebook e compartilhar nossas próprias noticias ou visões sobre elas, escrever
nossos livros virtuais... Enfim! O poder esta conosco.
A
questão é: Quais as implicações disso? A primeira coisa que penso é na relação
entre liberdade e responsabilidade. Defendo a escada do 1) responsabilidade. 2)
autonomia. 3) liberdade. Afinal, como diria Renato Russo, liberdade é
disciplina.
Isso
implica e reconhecer que não temos mais um (único) polo de poder que deve ser
questionado, derrubado... não há o rei, a igreja, a ideologia.... a revolução terá que ser dentro de cada um
de nós!
Esse
momento paradoxal, marcado sobretudo com as tecnologias alimentando o
empoderamento, fica a questão: De um lado auxilia o protagonismo cidadão
construtor de uma nova sociedade, um mundo em rede e conectado com a
transformação, de outro a fragilidade da violência e intolerância da
impessoalidade.
E
viva a micro revolução cotidiana.
* Imagem aleatória somente para refletir que o futuro da sociedade será o que o ser humano fizer consigo.
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