quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Pré – conceito. 


Preconceito é um tema que me faz pensar e questionar bastante.

Recentemente tenho percebido uma crescente discussão envolvendo o termo. Desde torcedores de futebol até gaúchos de ctg, passando por presidenciáveis e eleitores. O que me agrada.


 Etimologicamente podemos facilmente perceber, todo vez que nós primeiro agimos ou julgamos antes de realmente conhecer o conceito, estamos tendo um pré conceito.

Esses dias um amigo meu contou que estava parado com sua moto na sinaleira quando uma Kombi parou do seu lado. Como o sinal estava fechado para os carros, uma menina a caminho da escola atravessou, segundo ele, a menina de uns 9 ou 10 anos estava com um sorriso no rosto que já servia para iluminar o dia de qualquer um que rumava aos seus afazeres. Mas ao quase terminar sua travessia na faixa, os homens (se é que assim posso chamar) que estavam no automóvel, passaram a imitar sons de macacos para ela. Ele disse que a garota se transformou completamente. Mudou sua fisionomia. Ela olhou para os lados com vergonha, como se torcesse que ninguém a estivesse vendo. Ela se curvou. Escondeu-se dentro de si mesma. O sinal abriu para eles. O sinal fechou para ela. O sinal fechou pra mim. O sinal fechou para todos. Ele disse que seguiu para seu trabalho hipnotizado. Só queria poder dar um abraço naquela menina. 

Mas se estamos hoje vivendo uma época apelidada de era da informação, deveríamos ainda ter preconceitos? Sim! Primeiro vale lembrar que informação não é conhecimento. E conhecimento não é sabedoria! Embora muitas vezes usamos como quase sinônimos, guardam grandes diferenças. (sobretudo sociais). Mas enfim, outra hora pensaremos sobre isso.

O fato de termos atualmente maior acesso as informações é o que provavelmente gere um maior debate a cerca deste tema que nos permeia a vida desde a pré-história. Preconceito é algo natural! Todos nós temos. Afinal ao ver algo, primeiro automaticamente relacionamos, conectamos a outras informações, conhecimentos e sabedorias que temos dentro de nós(?) e a partir disso sai nossa impressão. Nosso pré-conceito. Aí entra a parte de não ficarmos somente com a nossa impressão e sim, transformar este pré-conceito em um conceito.

 Mas esse processo entre o pré e o pós conceito é que devemos questionar. Se sabemos que o preconceito é algo natural, o que não podemos pensar como natural é o fato de aceitar nossos preconceitos. Vamos questioná-los e transformá-los em pós!

Em um país que pela história oficial tem pouco mais de 500 anos , onde nesse período o negro, por pelo menos 300 anos era considerado menos que nada e era comercializado como escravo, fica mais simples de entender o preconceito étnico. Veja bem, entender, não achar normal. De fato a maior parte da nossa história nós vivemos tendo a certeza que o negro era sim muito inferior. Este questionamento sobre não ser, é muito recente.

 Provável que meu tataravô tenha tido escravo e ensinado ao meu bisavô que negro era escravo.
Meu bisavô que talvez tenha vivido o período da libertação dos escravos, ensinou o filho dele (meu avô) que negro era escravo liberto.

Meu avô que viveu a época em que os escravos já estavam “livres” do trabalho escravo, mas foram simplesmente libertos, sem terem terras, casas, ou algum dinheiro, ensinou meu pai que os negros eram os pobres que tinham que ir morar nas favelas/vilas, roubavam e eram maloqueiros. 

Meu pai aprendeu então de meu avô que os negros tendiam a ter e ser menos do que eles. Provavelmente meu pais estranharia se minha irmã um dia viesse a casar com um negro. Mesmo sabendo que o negro não é mais escravo, nem liberto, nem obrigatoriamente vive em favela, tampouco tende a ser pobre e muito menos cometer crime. Mas se pegarmos os dados de concentração de renda, salários, empregos, sistema carcerário, ensino privado, universidades...  Enfim, vamos perceber que ainda vivemos as heranças das amarras da escravidão de mais de 300 anos.

Eu provavelmente ensinarei ao meu filho que negros e brancos são iguais. Não são nem raças diferentes! (pra mim, ouvir racismo ainda choca) Não são raças diferentes, são etnias diferentes!!! Raça é uma só, biologicamente, humana! Então trato como preconceito étnico. (não racismo, que já é herança de preconceito)

Mas e a Patrícia?

Preconceito só deixa de ser preconceito quando não nos policiamos para pensar no que vamos falar com medo de ser julgados. Preconceito para quando nós pensamos e entendemos o conceito. E no caso, sabemos que não há superioridade ou inferioridade, apenas diferença, entre tudo e todos. E isso é ótimo.

Próximo continuaremos e passaremos do preconceito étnico para outros tipos.

ps: O desenho acima foi entregue a mim por um estudante do ensino médio. 

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