Pré – conceito.
Preconceito é um tema que me faz pensar e questionar
bastante.
Recentemente tenho percebido uma crescente discussão
envolvendo o termo. Desde torcedores de futebol até gaúchos de ctg, passando
por presidenciáveis e eleitores. O que me agrada.
Etimologicamente
podemos facilmente perceber, todo vez que nós primeiro agimos ou julgamos antes
de realmente conhecer o conceito, estamos tendo um pré conceito.
Esses dias um amigo meu contou que estava parado com sua
moto na sinaleira quando uma Kombi parou do seu lado. Como o sinal estava
fechado para os carros, uma menina a caminho da escola atravessou, segundo ele,
a menina de uns 9 ou 10 anos estava com um sorriso no rosto que já servia para
iluminar o dia de qualquer um que rumava aos seus afazeres. Mas ao quase
terminar sua travessia na faixa, os homens (se é que assim posso chamar) que
estavam no automóvel, passaram a imitar sons de macacos para ela. Ele disse que
a garota se transformou completamente. Mudou sua fisionomia. Ela olhou para os
lados com vergonha, como se torcesse que ninguém a estivesse vendo. Ela se
curvou. Escondeu-se dentro de si mesma. O sinal abriu para eles. O sinal fechou
para ela. O sinal fechou pra mim. O sinal fechou para todos. Ele disse que
seguiu para seu trabalho hipnotizado. Só queria poder dar um abraço naquela
menina.
Mas se estamos hoje vivendo uma época apelidada de era da
informação, deveríamos ainda ter preconceitos? Sim! Primeiro vale lembrar que
informação não é conhecimento. E conhecimento não é sabedoria! Embora muitas
vezes usamos como quase sinônimos, guardam grandes diferenças. (sobretudo
sociais). Mas enfim, outra hora pensaremos sobre isso.
O fato de termos atualmente maior acesso as informações é o
que provavelmente gere um maior debate a cerca deste tema que nos permeia a
vida desde a pré-história. Preconceito é algo natural! Todos nós temos. Afinal
ao ver algo, primeiro automaticamente relacionamos, conectamos a outras
informações, conhecimentos e sabedorias que temos dentro de nós(?) e a partir disso
sai nossa impressão. Nosso pré-conceito. Aí entra a parte de não ficarmos
somente com a nossa impressão e sim, transformar este pré-conceito em um
conceito.
Em um país que pela história oficial tem pouco mais de 500
anos , onde nesse período o negro, por pelo menos 300 anos era considerado
menos que nada e era comercializado como escravo, fica mais simples de entender
o preconceito étnico. Veja bem, entender, não achar normal. De fato a maior
parte da nossa história nós vivemos tendo a certeza que o negro era sim muito
inferior. Este questionamento sobre não ser, é muito recente.
Provável que meu
tataravô tenha tido escravo e ensinado ao meu bisavô que negro era escravo.
Meu bisavô que talvez tenha vivido o período da libertação
dos escravos, ensinou o filho dele (meu avô) que negro era escravo liberto.
Meu avô que viveu a época em que os escravos já estavam
“livres” do trabalho escravo, mas foram simplesmente libertos, sem terem
terras, casas, ou algum dinheiro, ensinou meu pai que os negros eram os pobres
que tinham que ir morar nas favelas/vilas, roubavam e eram maloqueiros.
Meu pai aprendeu então de meu avô que os negros tendiam a
ter e ser menos do que eles. Provavelmente meu pais estranharia se minha irmã
um dia viesse a casar com um negro. Mesmo sabendo que o negro não é mais
escravo, nem liberto, nem obrigatoriamente vive em favela, tampouco tende a ser
pobre e muito menos cometer crime. Mas se pegarmos os dados de concentração de
renda, salários, empregos, sistema carcerário, ensino privado, universidades... Enfim, vamos perceber que ainda vivemos as
heranças das amarras da escravidão de mais de 300 anos.
Eu provavelmente ensinarei ao meu filho que negros e brancos
são iguais. Não são nem raças diferentes! (pra mim, ouvir racismo ainda choca)
Não são raças diferentes, são etnias diferentes!!! Raça é uma só,
biologicamente, humana! Então trato como preconceito étnico. (não racismo, que
já é herança de preconceito)
Mas e a Patrícia?
Preconceito só deixa de ser preconceito quando não nos
policiamos para pensar no que vamos falar com medo de ser julgados. Preconceito
para quando nós pensamos e entendemos o conceito. E no caso, sabemos que não há
superioridade ou inferioridade, apenas diferença, entre tudo e todos. E isso é
ótimo.
Próximo continuaremos e passaremos do preconceito étnico
para outros tipos.
ps: O desenho acima foi entregue a mim por um estudante do
ensino médio.
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