domingo, 19 de outubro de 2014

Essa semana que passou foi sem dúvida, especial. Afinal, celebramos o dia das crianças e dos professores. Ambos, em minha opinião, são figuras essenciais para escrevem o futuro de uma nação. Além de tudo que consigo ver em comum nestas duas categorias, que vão desde a sabedoria do erro até a alegria da ironia, nos dois casos às vezes penso que tem tudo para serem chatos. Quando não o são, então é fantástico!

Mas ambos os casos (crianças e professores) guardam uma característica que gostaria de comentar. Um tipo de olhar.  Nesta semana festiva fui a São Paulo com minha irmã. Ficamos lá somente dois dias, mas foi o suficiente para me fazer pensar nesse olhar.  O Olhar das crianças, dos professores, o olhar do turista!

Eu costumo dizer que uma das duas melhores coisas do mundo é viajar. Sim, duas porque me refiro às duas formas de viajar. Não precisamos sair de nossa cidade para viajar. Precisamos apenas sair de nossas amarras do senso comum.

Um turista, uma criança e um professor, compartilham muitas vezes aquele olhar de curiosidade, de encantamento as coisas que passam despercebidas pelos outros, vislumbram e desfrutam de outra forma o que conhecem. Como que de maneira um tanto quanto mágica ao verem as coisas, frequentemente são tratados como ingênuos, bobos ou loucos e sem noção.

Muitas vezes pensam “aah é que ele é turista/professor/criança” quando veem estas “categorias” fazendo aquilo que não temos coragem de pensar ou fazer.

Fomos para a grande metrópole da insônia para tirar os vistos para os EUA. Em São Paulo fomos recebidos por  inúmeros prédios que quase tocavam o avião antes do pouso. Gigantescos engarrafamentos  que também podiam ser vistos ainda no ar. Taxista mal-humorado, empresários arrumados e claro, atrasados. 

Naquele mar de asfalto com ondas de poluição percebíamos que dar um sorriso poderia ser menos natural do que bater na pessoa de sua frente para entrar no metrô. Porém o que nos parecia um convite para briga era algo corriqueiro e que não afetavam suas relações cotidianas.

Após uns pães de queijo, horas na fila e passaportes aprovados, começamos a aproveitar a cidade. Ainda bem que os EUA ainda não criou um detector de pensamento em seu consulado, pois meus pensamentos enquanto esperava, foram muito além das minhas habituais críticas a esse país. (Mas como sempre digo. Se queres criticar, busque conhecer para não ficar reclamando e sim criticando).
Cuidado, não estou generalizando, não estou inferiorizando ou tendo um comportamento xenófobo. Leia com atenção. Não acredito que podemos falar, e evito ao máximo, “gaúchos”, “brasileiros”, “homens”, “mulheres”, “estudantes”, “estadunidenses”. As vezes as palavras são necessárias, mas pensar assim não. Toda generalização é burra. (menos essa hehe)

Em São Paulo, embora tivéssemos pouco tempo, aproveitamos bastante. O transporte público lá, especialmente o metrô, achamos bastante útil e prático. Claro, evitando os horários de pico. A surpresa maior foi uma máquina que vende livros ao valor que tu desejar. Sim, tu diz quanto a obra vale e paga o que quiser por ela. (da para se sentir um crítico literário, pão duro ou ‘leitor’ ostentação)
 
Estação da luz, sua arquitetura, prostitutas e piano, é um conjunto interessante aos olhos. Uma mescla de culturas, histórias e cotidiano que revelam um pouco da nossa sociedade.
Pinacoteca, realmente um prédio muito lindo e por 6 reais mais do que ver as obras e exposições temporárias, podes participar do museu. Gravar depoimentos, reorganizar obras, fazer sua própria arte. Fantástica a interatividade que eles propõem.

Museu da língua portuguesa, meu favorito!  A gente é a partir da palavra. Então o museu nos explica. Emocionante todos os espaços. Senti-me mais brasileiro, mais eu, mais gente.
Por fim, mercado municipal, 25 de março, andávamos como turistas em galerias do Louvre, fui confundido com o ator do filme Jesus por um dos artistas-vendedores.

Jardim da luz, esperando o tempo, conhecemos pedintes como se fossem autores renomados que contavam suas belas histórias em troca de alguns trocados.
Comemos banquetes em padarias de ruas do centro.

Mas quando perguntávamos onde ficavam museus, como poderíamos nos deslocar, o que havia para fazer, as pessoas que moravam lá pareciam mais turistas que nós. Ou melhor, não tinham o olhar do turista, mas não conheciam. E isso não é em São Paulo, não é característica dos estadunidenses, é, infelizmente algo que tem marcado a nossa vida corrida nesse mundo pós-moderno.

Muitas vezes conhecemos a nossa cidade de maneira fria. Sem graça. Sabemos o trajeto de casa até o trabalho e a escola. Mas embora passemos todos os dias pelo mesmo caminho, não estamos atento nem mesmo as pequenas belezas deste trecho. Fones de ouvido, rádio ligado, olhar fixo e perdido ao mesmo, em nós mesmos.

Não interagimos com os outros, com a cidade, não desbravamos, não nos encantamos, não percebemos. As vezes notamos crianças, turistas e professores brincando, se encantando, tirando fotos com, falando sobre essas “coisas” que passamos diariamente sem perceber que são mais que “coisas”.

Fica o meu convite. Crie a fantasia. É uma brincadeira de criança, mas uma tarefa de professor.
Seja turista na sua cidade, no seu bairro, rua, emprego, escola, casa. Busque encontrar aquilo que está sempre ali e tu não percebe. Lembra que para viajar não precisa fazer malas? Basta fazer a cabeça. Viaje, abra mais os olhos e a mente. Seja um pouco mais criança, professor e turista no olhar. 


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