Desde
pequeno quando sou questionado sobre qual o meu prato favorito, causo
estranhamento., Ao responder – Cless, sou assistido por expressões de
curiosidade ou incompreensão. Fustigado por perguntas: O que? Como? O que
é isso? Que gosto tem? Lembro que ainda criança me enchia de orgulho
e prontamente ia esclarecendo que era uma comida alemã feita pela minha avó.
(Continuo com a impressão de ser um prato original dela)
Dia
de Cless era um ritual. Preparar calmamente a massa, bater forte por minutos,
cortar em miúdos pedaços, colocar pra ferver e por fim mergulhar no molho.
Minhas preferências sempre foram a massa mais grossa e pouco molho.
Recordo
o aroma do molho vermelho ilhado por carne de panela, conversas na cozinha, e
principalmente a alegria de esperar aquela comida ser servida como atração
principal do almoço. Minha avó sempre soube que era meu prato favorito e,
portanto, fazia dele um rito. Cless pro Rafa. (Ela me chamava assim)
Nunca
comi menos que três pratos. Só não repetia mais vezes para deixar um pouco para
saborear na janta. Lembro de já na adolescência minha vó, aos poucos ir
ficando mais debilitada e minha mãe foi assumindo o papel da principal
cozinheira da iguaria. Ela não sabe, mas nunca ficou igual ao da
vó.
Hoje
tenho claro que eu nem gosto tanto assim de Cless. Eu sempre gostei mesmo foi
do carinho que vinha de recheio. No tempero do afeto. E principalmente do sabor
de amor que eu sentia toda vez que tinha Cless.
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