quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

2016...7

E não é que 2016 terminou? 

Dizem que o que é bom dura pouco. Prefiro pensar que os melhores momentos moram com a gente pra sempre. 

De toda a forma,não restam dúvidas que 2016 foi um ano marcante. Não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Infelizmente o que mais chamou atenção foram aspectos negativos. Como de costume, nós e a mídia, valorizamos muito mais os aspectos menos felizes. (A única alegria da ovelha é ver a ovelha do lado ser morta pelo lobo?  Vale a reflexão). 

Mas enfim, assim como 1968, penso que 2016 também entrará para a história como um ano emblemático. Diferente do auge da guerra fria, endurecimento da ditadura no Brasil e América latina, movimentos de contestação e contra cultura na América e na Europa, tivemos outros momentos, mas também foram de utopias e barbáries. 

Aliás, muito do que as revoluções da época lutaram continua em jogo. Voltaram também algumas barbáries do século passado que acreditávamos não ter mais espaço. 

Ao invés de detalhar os aspectos como uma retrospectiva, prefiro pensar em 2017 já. Afinal, como historiador, enxergo melhor pelo retrovisor. Ainda estamos tentando entender 2016. Nada melhor que o tempo, para curar, doer, lembrar ou esquecer. Sem dúvida ajuda a entender. 

Esquecer talvez seja o melhor. Não com um tom trágico. Melancólico. Mas no sentido de arejar, mudar, sacudir e transformar. Black Mirror traz a medida adequada dessa reflexão no episódio do chip memória. De forma tão brilhante quanto Jorge Luis Borges, em seu conto, Funnes, el memorioso. Não conseguir esquecer é parar de pensar. E de sentir. 

Só espero que a troca do ano não seja uma mudança de Obama por Trump...

Afinal, 2017 chega tragicamente em praticamente todo o mundo. Precisamos aprender que não adianta mudar o ano se continuarmos iguais. 

Concordo com Drummond. 

Que esqueçamos nossos nós de 2016 (não no sentido de ignorar) mas no de transformar. E que venha 2017 e novos "nós". 





PS: Na imagem uma triste relação com a passagem de ano e a morte de um dos maiores intelectuais do nosso tempo. Nos deixa o pensador pós-moderno Zygmunt Bauman. Ele que nos trouxe a sociedade líquida e toda sua complexidade. Como historiador, não me surpreenderia se a época em que vivemos passe a ser chamada nos livros didáticos do futuro de "idade líquida". 

(Espero que a pós-modernidade de Obama não seja esquecida perante medievalismo de Trump). 

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