Sempre amei perguntas! Por algum tempo, submetido a ditadura
da escola e de minha timidez adolescente, guardei-as para mim. Já na fase
(adulta?) liberei todas elas! Em um bate papo com amigos, janta com a família
ou na sala de aula. (atuando como estudante ou professor), espalho e disparo
todas que puder.
Acredito, como o Gessinger, que a dúvida é o preço da pureza
e é inútil ter certeza. Concordo com o comercial da Unissinos que diz que as
perguntas movem o mundo. Não sou muito das respostas. Sou todo das perguntas,
questionamentos...
Eis que essa semana me foi feita uma. De forma
despretensiosa, no inicio da manhã, minha coordenadora pedagógica me olha e
dispara: “Ralph, o que tu faria se o mundo só tivesse mais um mês?”
Parei. Pensei. Colegas vieram com boas piadas. Bateu a
sirene. Fui para aula. A pergunta ficou.
Uma semana me acompanhando. Sim, já tinha pensado sobre o
tema antes. Já havia recebido essa pergunta. Mas era outros momentos. Outros
Ralphs. Veja, é diferente “O que fazer antes de morrer”, “O que fazer se tu só
tivesse mais um ano de vida”, mas a pergunta foi “O que fazer se o mundo for
acabar daqui um mês”.
Para mim, ao menos, faz toda diferença. Uma coisa é eu,
simplesmente eu, morrer. Outra é o mundo todo desaparecer. Isso envolve
mudanças na minha reação. Primeiramente pensei em viagens. Aquela de mochilão
por toda América. E aquele tempo conhecendo a Europa? Mas e o autoconhecimento
nos países asiáticos? Africa? Imagina uma banda pelo Egito e conhecer culturas
tribais da savana? Bah! Antes de começar a imaginar as ilhas paradisíacas só pra
mim meu violão e uma prancha, pensei de novo. É só um mês.
Shows dos Stones, tocar pra muita gente sem ficar nervoso,
dar aula para quem esta sedento pelo que tu quer compartilhar? Ter um filho?
Ralph, é só um mês! Dar a vida por alguma causa??? Não, Ralph o mundo todo vai acabar. Então
fiquei sem resposta.
De manhã: Acordei leve. Comi uma pizza gordurosa fria
e fui meditar no sol. (equilíbrio é o que há). Me voltou a questão! Caiu a
ficha! Faria o que fiz esse mês. Nada de muito diferente.
Nada que mude
totalmente minha rotina. Mas, ações diárias que vão mudar a forma de fazer a
rotina.
Respirar mais antes de brigar. Mais atenção com aquela
pessoa. Um pouco mais de empenho naquela atividade. Um cuidado maior com
aquilo. Um sorriso a mais pra ela. Olhar mais contemplativo sobre tudo.
Pequenas mudanças cotidianas para transformar a rotina. (saberes, amigos, arte, natureza, estudantes, sentimentos, família, pessoas...)
As viagens? Os shows? A morte por uma causa? O filho?
Escrever um livro? Deixa isso tudo para o “antes de morrer”. Para esse mês
vamos agora, já! (só espero não morrer esse mês).
* Na foto um dos momentos simples e especiais de todos os meses. Estar com meus amigos tocando um rock and roll. Na ocasião, essa semana na formatura do Michael (baixista).
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