Dizer que vivemos tempos de mudanças já é chavão. E também
poder ser facilmente constatado. Mas saber isso já não é o suficiente. Se
questionar sobre essa afirmação poderia ser um ótimo começo! Vivemos mesmo
tempo de mudanças? Pra que(m)?
A velocidade que as transformações tecnológicas vem
ocorrendo e toda a mudança que isso gera na comunicação, transporte e sociedade
é inegável. Mas será que internamente nós também estamos acompanhando esse
ritmo de transformação?
Digo porque as vezes me causa estranheza ouvir de jovens
discursos que fariam sentido no século XIX. Racismo por exemplo. Ou então ver
manifestações contrárias a diferentes orientações sexuais, como se vivêssemos
em um campo de concentração do século XX. Vejo defensores cegos do liberalismo
do XVIII e do socialismo do XIX. Tem aqueles que pedem a volta dos anos de 1960
através de uma ditadura.
Mas o que mais me chama atenção nesse anacronismo é a
necessidade de manter-se sempre com a mesma opinião. Como se fosse algo que
fosse minha obrigação manter, sem ouvir, ler ou pensar qualquer coisa que possa
abalar a minha pseudocerteza estabelecida por um Youtuber, tiozão/pai do
churrasco ou professor de história.
Ter a velha opinião formada sobre tudo. As vezes, quando tem
dúvidas, procura logo qual caixinha pessoas com o seu perfil (direita,
esquerda, anarquista, feminista, budista ou vegetariano?) tem que estar. Como
se nós fossemos presos a rótulos.
Mas se a gente vive na pós modernidade, talvez devêssemos
aproveitar o que ela nos traz de melhor: q permanente possibilidade de
mudanças. E se amanhã pensar diferente do que penso hoje? E se trocar meu
candidato político? Se aceitar contribuição de uma terceira teoria? Se eu
construir a minha própria interpretação de determinado movimento. Se eu trocar
de time, de cor favorita, de estilo de roupa? e se eu inclusive mudar a forma
que lido comigo? E com os outros?
Costumam dizer que ninguém vai mudar de ideia por um textao
de Facebook. Talvez devêssemos ir com menos certezas. É inútil ter certeza é a
dúvida é o preço da pureza, diz o Gessinger. E até mesmo quando estamos em uma
ilha de certeza é importante levar que estamos num mar de dúvidas.
Leia coisas diferentes. Ouça o desconhecido. Olhe o
outro.
Mude! Mude-se. Não tem problema. Cabelo, curso da faculdade,
giria, opinião, certeza, banda favorita...
Afinal, já nos alertava o raulzito: Prefiro ser essa
metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!
E você? Qual a última vez que mudou?
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