No pesadelo eu estava em um país onde mulheres eram
estupradas por dezenas de homens, isso era exibido nas redes sociais e o
machismo era tão gritante que a própria mídia falava em suposto assédio. Havia
quem tentasse explicar a situação pela roupa que a vítima usava. Alías roupa
era assunto religioso. Algumas marcas não deveriam ser compradas pois eram do
demônio. (C&A).
Nesse lugar, Chico Buarque era ofendido na rua e Alexandre
Frota era recebido pelo ministro da educação para dar conselhos. Lá o
transporte era muito poluente, motivo de brigas e mortes. Matava mais do que
assaltos, mas ninguém ligava. A única causa de polícia nesse aspecto eram os
ubers. Afinal, os taxistas espancavam estes, pois eram “ilegais” e ainda
prestavam um serviço muito melhor que eles.
Os mesmos taxistas que espancavam o motorista do Uber,
desrespeitavam as leis de trânsito e constantemente embriagados, entre um ou
outro abuso as passageiras, diziam que a solução para acabar com a violência
era matar todos os bandidos. (entrar nas vilas matando os neguinhos). A polícia as vezes fazia isso. Nesse momento o Estado aparecia e diziam para estes, que eles eram heróis. A população então vibrava.
As coisas todas eram resolvidas desta maneira. Intolerância.
As redes sociais eram arenas de batalhas. Mas sempre havia juízes para irem lá
e, através das suas sentenças determinarem, sem leitura ou conhecimento de
causa, o processo e os culpados.
A política era sempre resolvida em escutas e delações
premiadas. Todos os políticos eram acusados de serem corruptos. Nem todos eram,
mas os eleitores, quase todos também corruptos, acreditavam ser mais fácil
reproduzir este discurso.
O presidente era um senhor, já idoso, homem branco. Todos do
seu mandato eram assim. Seu lema era uma frase do século XIX, inspirada pelo
movimento positivista e adotada por militares na época da política café com
leite.
Discutir política em sala de aula era quase crime. Afinal,
pensar era realmente uma tarefa muito perigosa. As escolas lá, por sinal, não
tinham professores. Eles não recebiam salários e quem ocupava as escolas eram os
estudantes.
A cultura não era entendida como algo importante. Como forma
de protesto, muitos não assistiam filmes, não liam os livros ou escutavam a
música. O principal meio de revolta era a greve do “pensar”.
Mas lá pelas tantas, infelizmente, acordei.